A paixão dos soldados russos pelas redes sociais embaraça o Kremlin

Militares publicam fotografias que os localizam na Ucrânia, onde o Governo de Moscovo garante que não estão.

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Imagens partilhadas pelos militares russos que sugerem uma intervenção directa em território ucraniano DR

Alexandre Sotkine, um soldado de 24 anos, publicou uma série de fotografias com a localização Volochino, no Sul da Rússia, onde a sua unidade está estacionada. Porém, nos dias 5 e 6 de Julho, publicou mais duas já dentro da Ucrânia que acompanhou com as palavars chave “exército” e “exercícios 2014”. 

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Alexandre Sotkine, um soldado de 24 anos, publicou uma série de fotografias com a localização Volochino, no Sul da Rússia, onde a sua unidade está estacionada. Porém, nos dias 5 e 6 de Julho, publicou mais duas já dentro da Ucrânia que acompanhou com as palavars chave “exército” e “exercícios 2014”. 

A história destas “selfies” foi publicada pelo site americano BuzzFeed que nota que podem ser uma prova de que o exército russo atravessa a fonteira para o lado ucraniano, apesar dos desmentidos do Kremlin.

É possível falsificar a geolocalização do que se publica na Internet, mas isso exige conhecimentos de codificação específicos, explicaram informáticos ouvidos pela AFP. O ministério russo da Defesa recusou comentar a notícia. 
Na legenda de uma outra fotografia, esta tirada em Volochino, o soldado Sotkine conta ter passado o dia “sentado, a trabalhar no Buk e a ouvir música”. O Buk é o sistema de lançamento de mísseis terra-ar — poderá ter sido de um Buk que saiu o míssil que abateu o avião da Malaysia Airlines que sobrevoava o Leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo; morreram todas.  

Mas a palavra “Buk” também pode ser a aberviatura de “notebook” e o soldado poderia estar apenas a dizer que esteve todo o dia sentado em frente do computador. 

Outros soldados também publicaram, no último mês, na rede social russa Vkontakte, fotografias das suas actividades, mas estas sem geolocalização. Os comentários que publicaram juntamente com as imagens é que sugerem actividades na Ucrânia. “À noite disparámos sobre a Ucrânia”, escreveu a 23 de Julho o soldado Vadim Grigoriev — a fotografia que publicou mostra meia-dúzia de obuses, mas também tem outra com dois canhões de artilharia num campo de trigo. Este soldado esclareceu à estação Rossiya24 que se tratam de fotografais que tirou há “muito tempo” e que alguém pirateou a sua página no Vkontakte. A conta de Vadim Grigoriev foi entretanto encerrada. 

Outro soldado, Mikhail Chougounov, publicou duas fotografias de lança-rockets a serem disparados e com o comentário “Os grandes vão em direcção à Ucrânia”. Um terceiro soldado chegou ao ponto de publicar um mapa mostrando o itinerário da sua unidade em direcção à fronteira russo-ucraniana. 

“Estes soldados publicam seja o que for, dizem mesmo que estão na Ucrânia só para impresisonar as namoradas”, comentou o deputado comunista russo Vadim Soloviev. O deputado está na origem de um projecto de lei que visa limitar a utilização das redes sociais pelso soldados russos, considerando que as publicações “prejudicam a Rússia pois podem ser usadas pelos ocidentais para fins de espionagem ou campanhas de desinformação”. 

Diz o especialista em questões militares Alexandre Golts, director-adjunto do site de informação Ej.ru., que foi através deste género de publciações nas redes sociais que se soube da presença das forças especiais rusas na Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia.