O caos é um local transparente

Um álbum de canções alienígenas onde o fluxo de informação é contínuo

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A procura de novos territórios sónicos; não um desejo expressado no vazio, mas um desejo de comunicar
Ei-los de volta. Poder-se-ia imaginar que, ao segundo álbum, optariam por criar canções ou momentos musicais mais acessíveis. Mas Lese Majesty assemelham-se a uma experiência sensorial, onde nada repousa sobre um plano imóvel. O álbum é a imagem dessa projecção: folia algo psicadélica que desvenda cores atrás de cores, num efeito de encanto multidimensional.

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Ei-los de volta. Poder-se-ia imaginar que, ao segundo álbum, optariam por criar canções ou momentos musicais mais acessíveis. Mas Lese Majesty assemelham-se a uma experiência sensorial, onde nada repousa sobre um plano imóvel. O álbum é a imagem dessa projecção: folia algo psicadélica que desvenda cores atrás de cores, num efeito de encanto multidimensional.

É um disco onde procuram novos territórios sónicos. Mas não é um desejo expressado no vazio. Há desejo de comunicar. Existem temas que à primeira poderão parecer opacos, mas é apenas impressão. No meio da aparente desordem revelam-se ritmos, sons e vozes, ordenadas de forma diferente em cada uma das canções.

Há climas digitalizados desordenados. Há sons alterados e instrumentos filtrados. Há abstracções electrónicas. Há sequências adulteradas. E melodias radiosas. É um álbum de organização libertária, feita por dois alquimistas do som que pegam nos materiais à sua disposição para fazer alguma da música mais admirável dos nossos dias, mescla de registos e de emoções em convulsão, superados com intensidade sonhadora.

É como se cada canção comportasse inúmeras canções, elementos que se afastam de um possível centro para regressarem a ele, numa remontagem incessante, misto de pesquisa sonora e eficácia comunicativa. É um álbum de canções alienígenas onde o fluxo de informação é contínuo, numa colisão de partículas que acaba por ir reorganizando cenários desconhecidos. Soberbo.