Investigadores internacionais fazem primeiro reconhecimento junto aos destroços do MH17

Parlamento ucraniano apoiou o líder do Governo e aprovou financiamento adicional do exército.

Foto
Só quatro investigadores puderam ir ao local onde caiu o avião Reuters

Foi necessário decretar um “dia de silêncio” pelo exército ucraniano – a pedido expresso do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon – para que as hostilidades cessassem e uma equipa de investigadores conseguisse chegar à zona onde estão os destroços do Boeing 777. Ainda assim, pouco depois da chegada da equipa de quatro especialistas holandeses e australianos, acompanhados de elementos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), foram ouvidas algumas explosões “fortes”, segundo o relato de uma correspondente da AFP. A mesma jornalista descreveu uma coluna de fumo a dez quilómetros do local dos destroços e onde se encontram alguns cadáveres ainda não recuperados.
 
 

 

 
Desde domingo que a equipa de inspectores tentava chegar aos destroços, mas os combates intensos naquela zona, travados entre o exército ucraniano e as forças separatistas do Leste do país, impediram o acesso com segurança. A missão desta equipa serviu apenas para realizar um “reconhecimento” da área, de acordo com o ministro da Justiça holandês, e que irá tentar abrir caminho para que um grupo mais extenso, estacionado em Donetsk, possa ser enviado. No local ainda poderão estar os restos mortais de 80 vítimas, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, sublinhando a necessidade de as “famílias enlutadas que perderam 298 pessoas possam fechar este capítulo”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi necessário decretar um “dia de silêncio” pelo exército ucraniano – a pedido expresso do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon – para que as hostilidades cessassem e uma equipa de investigadores conseguisse chegar à zona onde estão os destroços do Boeing 777. Ainda assim, pouco depois da chegada da equipa de quatro especialistas holandeses e australianos, acompanhados de elementos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), foram ouvidas algumas explosões “fortes”, segundo o relato de uma correspondente da AFP. A mesma jornalista descreveu uma coluna de fumo a dez quilómetros do local dos destroços e onde se encontram alguns cadáveres ainda não recuperados.
 
 

 

 
Desde domingo que a equipa de inspectores tentava chegar aos destroços, mas os combates intensos naquela zona, travados entre o exército ucraniano e as forças separatistas do Leste do país, impediram o acesso com segurança. A missão desta equipa serviu apenas para realizar um “reconhecimento” da área, de acordo com o ministro da Justiça holandês, e que irá tentar abrir caminho para que um grupo mais extenso, estacionado em Donetsk, possa ser enviado. No local ainda poderão estar os restos mortais de 80 vítimas, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, sublinhando a necessidade de as “famílias enlutadas que perderam 298 pessoas possam fechar este capítulo”.

À missão dos especialistas holandeses e australianos deverá juntar-se uma outra equipa de investigadores russos que já está em Kiev. O Governo ucraniano responsabilizou desde o início os separatistas pró-Moscovo pelo abate do avião, acusação negada pelos líderes dos insurgentes.

O Parlamento ucraniano aprovou nesta quinta-feira o envio de uma missão armada composta por forças holandesas e australianas que pode chegar aos 950 elementos “militares e não militares”. No entanto, esse será um cenário improvável, que o próprio primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, já afastou, receando o arrastamento de países estrangeiros para um conflito interno.

Iatseniuk recebe apoio parlamentar

O dia foi também de tréguas na arena política em Kiev. Depois de, na semana passada, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, ter apresentado a demissão – na sequência do abandono de dois partidos que compunham a coligação governamental – esta quinta-feira o Parlamento ofereceu-lhe um voto de confiança. Apenas 16 deputados votaram a favor da sua demissão e o hemiciclo aprovou um pacote de medidas orçamentais propostas pelo executivo que lidera. A permanência do Governo em funções e presidido por Iatseniuk impediu que à crise militar se somasse uma crise política.

“O apoio de hoje às iniciativas do Governo pela maioria constitucional do Parlamento é um passo para unir e salvar o país”, reagiu Iatseniuk. Em cima da mesa estava legislação considerada “impopular” pelo próprio Governo, mas cuja aprovação era crucial para que a economia do país não entrasse na bancarrota e falhasse as próximas tranches previstas pelo plano de resgate em curso do Fundo Monetário Internacional, no valor de 12,7 mil milhões de euros.


 Today's support of all Government's initiatives by the constitutional majority of the Parliament is a step to unite and to save the country.

 
Sintomática da aproximação entre o governo actual e o Ocidente foi também a aprovação de leis que permitem o estabelecimento de consórcios com empresas europeias e norte-americanas para explorar o sistema de distribuição de gás.

O conflito no Leste do país também tem deixado factura nas contas públicas, com um custo diário de cerca de 4,3 milhões de euros por dia, de acordo com o presidente, Petro Poroshenko. Mas os dirigentes ucranianos não pretendem deixar que o alto custo esmoreça a campanha no terreno e para isso aprovaram um financiamento suplementar no valor de 560 milhões de euros para o exército. Nesse sentido, o Parlamento aprovou a aplicação de um novo imposto de 1,5% sobre o rendimento dos ucranianos, que assim também participam num autêntico “esforço de guerra” para recuperar o controlo sobre a totalidade do Leste do país.

No campo diplomático joga-se uma alternativa não militar para resolver o conflito. A Bielorrússia acolheu um encontro – o primeiro em terreno neutro – entre representantes da Ucrânia e dos rebeldes, mediado pelo embaixador russo em Kiev e por elementos da OSCE. As partes concordaram quanto à libertação de “um número considerável” de reféns, lançaram as bases para novas visitas de inspectores e comprometeram-se a controlar a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, segundo a OSCE.