CEPA, a peça de cortiça que une design e vinho do Porto
Base para garrafas de vinho do Porto quer ser uma homenagem a um ícone do país e à região do Douro. Peças da "startup" Clínica de Arquitectura já estão a ser exportadas para os EUA. Seguem-se França e Canadá
Pedro Geraldes queria surpreender o primo com uma prenda de casamento original e personalizada. Imaginava uma peça “relacionada com o vinho do Porto”, uma das perdições do noivo, e pediu ajuda ao sócio Nuno Travasso para um “brainstorming”. A prenda foi entregue com seis meses de atraso — mas tornou-se no ponto de partida para uma criação agora disponível em vários pontos de venda, inclusivamente fora do país.
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Pedro Geraldes queria surpreender o primo com uma prenda de casamento original e personalizada. Imaginava uma peça “relacionada com o vinho do Porto”, uma das perdições do noivo, e pediu ajuda ao sócio Nuno Travasso para um “brainstorming”. A prenda foi entregue com seis meses de atraso — mas tornou-se no ponto de partida para uma criação agora disponível em vários pontos de venda, inclusivamente fora do país.
Chama-se CEPA e é uma base para garrafas de vinho do Porto, criada inicialmente em madeira (59,50 euros) e agora com uma nova versão em cortiça (35,50 euros). “Chegamos à conclusão de que quando a garrafa não era totalmente consumida não havia uma base que fosse uma forma nobre de a colocar em cima da mesa”, explicou ao P3 Pedro Geraldes.
Os arquitectos, fundadores da “startup” portuense Clínica de Arquitectura, queriam que a peça de design tivesse um carácter funcional e que encorajasse uma nova forma de apresentar e servir um dos maiores ícones do país. E os materiais escolhidos para a produção das peças — primeiro a madeira (carvalho e nogueira) e agora a cortiça negra — são também parte da homenagem que querem fazer ao Douro.
A peça é construída a partir de um cilindro maciço, de madeira ou cortiça, de onde são recortadas duas cavidades que se interceptam: uma pensada para a dimensão da garrafa e outra desenhada para suportar a rolha, sem que esta toque o suporte. A assimetria permite um transporte seguro da peça com a mão esquerda, ficando a direita livre para servir o vinho.
A edição de cortiça lançada recentemente foi pensada também para conseguir uma peça com “um preço de entrada mais acessível”, uma vez que é um material com um “acabamento mais duro” que não requer os mesmos cuidados da madeira.
"Há muito mercado para explorar”
A ideia já conquistou cerca de 200 pessoas e os arquitectos acreditam que “ainda há muito mercado para explorar”. “[As pessoas] percebem que a peça fazia falta. A garrafa ficava solteira em cima da mesa”, argumenta Pedro Geraldes em conversa telefónica.
Em Portugal, a aposta mais recente está a ser feita nas parcerias com garrafeiras e há negociações com “um gigante nacional que quer ter as peças à venda na zona 'gourmet' do estabelecimento”. Para já a CEPA pode ser encomendada via email e encontrada na Loja de Serralves e no Museu do Douro.
A Clínica de Arquitectura faz também peças por encomenda: “Um das garrafeiras com quem estamos em contacto tem um garrafa de vinho do Porto que vende muito bem e que não encaixa completamente na nossa peça. Temos capacidade de adaptar a peça e também de a personalizar para empresas”, explicou Pedro Geraldes, acrescentando que já têm encomendas de empresas e contactos de clientes que pedem para enviar directamente para familiares ou amigos que estão fora do país.
Além fronteiras, já é possível encontrar a peça em Nova Iorque, mas os arquitectos da startup graduada da UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto), querem mais: há negociações a serem feitas com empresas em França e no Canadá.