Polícias salvaram 245 aves na maior feira de pássaros do país
PSP e Instituto da Conservação da Natureza fiscalizaram o mercado de aves no Porto. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram devolvidos à liberdade. E sete pessoas foram detidas.
A acção permitiu salvar as espécies que, em cativeiro, morreriam numa semana. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram depois devolvidos à liberdade no Parque Biológico de Gaia, enquanto os sete vendedores apanhados foram levados para a esquadra e responderão brevemente em tribunal. Arriscam uma pena que pode ir até um ano de prisão por crime de dano contra a natureza.
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A acção permitiu salvar as espécies que, em cativeiro, morreriam numa semana. Pintassilgos, travessos, verdelhões, lugres, serinos e tentilhões foram depois devolvidos à liberdade no Parque Biológico de Gaia, enquanto os sete vendedores apanhados foram levados para a esquadra e responderão brevemente em tribunal. Arriscam uma pena que pode ir até um ano de prisão por crime de dano contra a natureza.
Em oito anos, a Brigada de Protecção Ambiental da PSP do Porto (que existe desde 2006), já aplicou mais de três milhões de euros em coimas por infracções ambientais, entre as quais a venda ilegal de aves, derrame de resíduos e poluição atmosférica. “A PSP tem dado maior atenção a estes crimes que cada vez mais ocorrem”, disse o chefe daquela brigada, Rui Amaral, naquela que garantiu ser “a maior feira” do tipo.
“Vim de Águeda de propósito comprar dois pássaros para oferecer. Já ia embora para apanhar o comboio e acontece-me isto. E agora?”, lamentava Raul Ribeiro, 64 anos, com dois tentilhões escondidos num saco. Garantia que era a primeira vez que ali tinha ido, mas a polícia já o conhece. “É um vendedor. Está cá sempre”, afirmou o chefe Amaral.
O ardil é conhecido e usado por muitos naquela feira. Já não convence a PSP que ali estivera pela última vez em Dezembro. Há muito que os agentes memorizaram as caras dos vendedores ilegais do mercado que tem também uma parte substancial de comerciantes com licença do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Facilmente os quatro biólogos do ICNF, que acompanharam a operação também seguida pela Polícia Municipal do Porto, detectaram as ilegalidades. As aves tinham sido capturadas recentemente na natureza, explicou um dos especialistas, e aqueles comerciantes não estavam registados no ICNF. Um travesso, ali vendido por seis euros, custa numa loja autorizada mais de 150 euros.
“Não posso criar pássaros em casa para os vender?”, perguntava um comerciante à PSP. O ICNF sustenta que não.
O pânico das aves que um dos biólogos via numa gaiola era a garantia de que tinham sido apanhadas na natureza, de outro modo estariam habituadas ao cativeiro. “Muitas morrem de stress aqui, de tanto tentarem fugir”, dizia um especialista. Viam-se gaiolas mais pequenas do que uma caixa de cereais. E as minúsculas garras das aves, que respiravam aflitas, agarravam-se às grades de madeira.
Alguns vendedores escaparam. Ao primeiro sinal da polícia largaram as gaiolas e os carros onde as tinham expostas, na mala. A PSP apreendeu três viaturas. “Este carro é meu. Não estou a vender nada. Não vai levar carro nenhum nem me vai levar a mim. Vocês têm deveres e eu tenho direitos”, dizia um homem, um velho conhecido da polícia. Quando vê que a astucia não o salva recorre à ira.
“Aldrabões!”, chamava aos polícias agitando a feira. Acabou, também por isso, manietado e detido por injúrias.
Nestas operações da PSP, diz Rui Amaral, os agentes enfrentam sentimentos contraditórios. Se por um lado ficam “satisfeitos por conseguirem libertar estas aves”, por outro, há uma “insatisfação inicial” quando “se detectam aves presas em tão más condições”.
As que este domingo tiveram a sorte de se cruzarem com polícias na feira foram soltas pelas 13h00 no Parque Biológico de Gaia. Algumas dezenas, que estavam doentes e não conseguiam voar, serão tratadas na instituição durante uns dias até voltarem à liberdade na natureza.