China disponibiliza-se a enviar professores para apoiar Portugal a ter Mandarim nas escolas
Ministério da Educação deve arrancar com projectos-piloto em 2015/2016. Directora do Hanban, organismo do Governo chinês, visitou o país nos últimos dias.
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A intenção do MEC continua a ser tornar o idioma opcional para todos os estudantes destes níveis de estudos dentro de três a cinco anos, mas, antes disso, vai arrancar com projectos-piloto. Esta foi uma das novidades do encontro mantido na semana que passou entre responsáveis dos governos de Portugal e China, aproveitando a visita a Portugal de Xu Lin, directora do Hanban — um cargo equivalente ao de vice-ministro. O Hanban é o organismo do Governo chinês responsável pelo ensino da língua no estrangeiro.
O ensino do Mandarim nas escolas públicas foi anunciado pelo MEC, em Macau, durante uma visita que decorreu em Maio.
A escolha da disciplina será opcional, mas a intenção é fazê-la chegar a todos os estudantes do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, dentro de três a cinco anos, mas isso não será “impeditivo de que alguns projectos-piloto possam arrancar antes disso, eventualmente no ano lectivo 2015/2016”, informou o gabinete de comunicação do ministério de Nuno Crato.
Manual escolar conjunto
No encontro com Xu Lin ficou acordado que Portugal iria preparar um plano inicial para a implementação de um projecto-piloto. “Em Outubro uma equipa do Hanban deslocar-se-ia a Portugal para discutir esse plano e definir os próximos passos”, avança também o MEC.
“Seremos certamente um parceiro importante e vamos dar apoio a Portugal nessa iniciativa”, afirma ao PÚBLICO a dirigente chinesa.
O instituto do Governo da China está disponível para enviar professores e fornecer bolsas de estudo para “encorajar os estudantes a irem conhecer a China real”, acrescenta Xu Lin. Outra possibilidade de colaboração que ficou em aberto foi a de uma colaboração para que professores e investigadores dos dois países possam desenvolver um manual escolar conjunto, que sirva de apoio às futuras aulas de Mandarim nas escolas portuguesas.
“Estamos satisfeitos com o interesse de Portugal no ensino do chinês”, avalia. Quando há dez anos foi criada a rede de institutos Confúcio, Portugal não mostrou grande interesse, ao contrário de países como os Estados Unidos e o Reino Unido que “começaram a desenvolver o estudo da língua chinesa”. O interesse nestes países está agora “a estabilizar”, enquanto em Portugal “está a crescer muito rapidamente”.
O Hanban será parceiro do Governo português nesta iniciativa, dando seguimento a uma cooperação anterior com universidades nacionais, especialmente as do Minho e de Lisboa, onde estão sediados institutos Confúcio, que fazem parte da rede de ensino e investigação sobre língua e cultura chinesa presente em 122 países.
Na visita a Lisboa, Xu Lin também se encontrou com os responsáveis do Instituto Camões, para começar a aproximação entre o organismo português e o Instituto Confúcio e estudar formas de cooperação. “Nós também precisamos que o Instituto Camões desenvolva o ensino da Língua Portuguesa na China”, reconhece, esperando que possa haver “colaboração mútua” e “algum intercâmbio” no ensino do português e do Mandarim nos dois países.
Escolas de São João da Madeira e de Bragança já foram notícia por terem introduzindo o ensino de Mandarim, mas agora há um plano a nível nacional. Também algumas escolas privadas vão dando passos. A visita da directora do Hanban a Portugal serviu também para a assinatura do protocolo de criação da Aula Confúcio no Colégio de S. Tomás, em Lisboa, que vai ficar sob a égide do Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa.
Esta será a primeira entidade do género criada numa escola particular em Portugal, que vai permitir aos 1300 alunos daquela instituição terem Mandarim como língua opcional nos 2.º e 3.º ciclos, a partir do próximo ano lectivo.