Seguro diz que não terá um "governo de turno"

Seguro deixou o recado a Costa: "Nenhum candidato a primeiro-ministro pode dizer que a dívida pública não é um problema".

Foto
Nuno Ferreira Santos

"Não me lembro de ter havido uma preparação de programa político tão atempadamente e com o envolvimento de tanta gente. Para dar um sinal claro aos portugueses de que o próximo Governo não pode ser um Governo de turno", disse Seguro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Não me lembro de ter havido uma preparação de programa político tão atempadamente e com o envolvimento de tanta gente. Para dar um sinal claro aos portugueses de que o próximo Governo não pode ser um Governo de turno", disse Seguro.

O também secretário-geral dos socialistas vincou que "o PS não pode ser Governo nas próximas eleições sem merecer a confiança dos portugueses" ou apenas "porque os que lá estão não merecem a confiança e estão a cair de podres".

"Nós temos de ser uma alternativa. Chegar ao poder não é um fim em si mesmo. É um meio para concretizar um projecto (...). Temos de uma vez por todas de fazer uma separação entre política e negócios. Uma coisa é a vida pública, outra são os interesses por mais legítimos que sejam", declarou.

Seguro falava num encontro com militantes e simpatizantes, na freguesia de Campanhã, no Porto, onde fez um discurso marcado por críticas ao actual Governo e centrado na questão da dívida pública, mas sem deixar, ainda que indirectamente, de deixar provocações ao seu adversário nas primárias de Setembro.

"Nenhum candidato a primeiro-ministro pode dizer que a dívida pública não é um problema. Isso é de um enorme irrealismo. É não conhecer a realidade de um país. Eu não digo que as finanças devem determinar a política. Agora a política não pode ignorar as finanças públicas", referiu Seguro.

Para Seguro "um dos erros mais graves" cometido pelo Governo PSD/CDS foi "decidir que o país devia empobrecer": "Este Governo de direita acredita que o Estado deve ser é pequenino, muito pequenino e que cada português deve ficar entregue à sua sorte", criticou.

"O país do nosso ideal não é um país em que cada um trata de si. É um país onde todos tratam de todos e ninguém fica nas traseiras da vida, na valeta da estrada. É por isso é que o slogan deste projecto é 'Avançamos Juntos'", acrescentou.

Para resolver o problema da dívida pública, Seguro avançou com um projecto para a Europa, lembrando que a Zona Euro, em 18 países, tem 15 com "uma dívida superior a 60% do Produto Interno Bruto".

"Defendemos que se crie um fundo europeu para gerir essa dívida pública acima dos 60%. Não é para que sejam os europeus a pagar a nossa dívida. Nós queremos pagar. Somos gente honrada. Se esse fundo gerir uma parte da dívida, como a Europa não tem dívida pública, pagamos menos juros. Pagar menos juros é diminuir o défice. Diminuir o défice é diminuir os sacríficos dos portugueses", explicou.

Por fim, o candidato socialista às eleições de 28 de Setembro, sublinhou que "hoje as pessoas querem participar", pois "podem não querer ser candidatos, presidentes de junta, membros de Governo, mas querem participar: "Esta coisa da política ser preparada nos círculos fechados dos partidos acabou", concluiu.

Isto numa sessão em que o líder parlamentar socialista Alberto Martins, presente na reunião, disse que o PS teve a "maior vitória de sempre" nas últimas autárquicas e uma "vitória consistente" nas Europeias, defendendo que António José Seguro tem "legitimidade para ser o próximo candidato do PS a primeiro-ministro".