Inquérito à tragédia do Meco dá razão à tese de acidente

Advogado das famílias garante não ter sido notificado sobre qualquer decisão de arquivamento, mas se tal acontecer vai requerer abertura de instrução para tentar levar caso a julgamento. Familiares não se conformam.

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Tragédia aconteceu na noite de 15 de Dezembro Miguel Manso

Contactado pelo PÚBLICO nesta manhã de sexta-feira sobre as notícias que dão conta da decisão do MP de arquivar o caso, o advogado das famílias, Vítor Parente, garantiu que até quinta-feira não tinha sido “notificado de nada”, aguardando que tal pudesse acontecer durante esta sexta-feira. A confirmar-se a decisão de arquivamento e a tese de que tudo o que se passou no Meco em Dezembro foi um acidente, será uma “má notícia” para as famílias: “O MP, antes de investigar, já tinha tirado a conclusão de que era um acidente. Há uma relação causa-efeito óbvia entre a investigação [conduzida pela Polícia Judiciária de Setúbal] e a conclusão”, diz Vítor Parente, frisando que “as famílias têm de ser notificadas sobre o despacho final do inquérito, o que ainda não aconteceu”.

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Contactado pelo PÚBLICO nesta manhã de sexta-feira sobre as notícias que dão conta da decisão do MP de arquivar o caso, o advogado das famílias, Vítor Parente, garantiu que até quinta-feira não tinha sido “notificado de nada”, aguardando que tal pudesse acontecer durante esta sexta-feira. A confirmar-se a decisão de arquivamento e a tese de que tudo o que se passou no Meco em Dezembro foi um acidente, será uma “má notícia” para as famílias: “O MP, antes de investigar, já tinha tirado a conclusão de que era um acidente. Há uma relação causa-efeito óbvia entre a investigação [conduzida pela Polícia Judiciária de Setúbal] e a conclusão”, diz Vítor Parente, frisando que “as famílias têm de ser notificadas sobre o despacho final do inquérito, o que ainda não aconteceu”.

Apesar de não ter conhecimento da decisão de arquivamento ou das justificações para a tese de acidente, por não ter tido acesso a qualquer despacho, o advogado garante que, se e quando for notificado, irá “requerer a abertura de instrução”: “Ou seja, levar o processo a um juíz de instrução para este apreciar se a conclusão do MP se comprova e ver se processo deve ir ou não a julgamento”, explica.  

Mesmo que uma possível decisão de arquivamento já tivesse vindo a ser avançada há algum tempo, os pais não se conformam. Apesar de também não ter sido ainda notificada, Fernanda Cristóvão, mãe de uma das jovens que morreram naquela noite, diz-se “em choque” e “completamente desapontada”: “Estou em choque. Nem acredito que a nossa justiça funciona assim, andaram a brincar connosco este tempo todo. Estou completamente desapontada”, afirmou ao PÚBLICO nesta sexta-feira. Esta mãe garantiu também que os pais não deverão baixar os braços, tencionando Fernanda Cristóvão pedir ao advogado que faça o possível para recorrer da decisão: “Uma mãe nunca desiste de um filho. Pretendo fazer tudo o que seja possível, vou até ao fim”, disse.

Onda de três metros
O jornal Correio da Manhã avança na edição desta sexta-feira que o caso foi arquivado pelo MP na quinta-feira. O Diário de Notícias refere que o MP de Almada concluiu que foi um acidente e que não pode ser imputada qualquer responsabilidade criminal ao único sobrevivente da tragédia, João Gouveia, devendo o despacho de arquivamento ser divulgado nos próximos dias.

De acordo com este jornal, não terá sido encontrado qualquer indício de que os estudantes estivessem a fazer um ritual, com vendas ou amarras, que estivessem mais pessoas na praia ou que o acidente se ficasse a dever ao consumo excessivo de álcool. Assim, a investigação terá concluído que os jovens estariam apenas a conviver de frente para o mar, quando foram levados por uma onda bastante grande. Para tal, terá sido pedida uma análise científica às ondas naquela noite de 15 de Dezembro – quando se deu a tragédia – e estas estariam com três metros de altura, podendo chegar a cinco ou seis. A notícia frisa ainda que o inquérito termina, a pouco tempo de acabar o prazo de oito meses para o seu encerramento, definido quando não há arguidos detidos. Este processo, aliás, não chegou a ter suspeitos constituídos como arguidos.

Fonte policial já tinha dito recentemente à agência Lusa que o processo de investigação tinha sido entregue pela Polícia Judiciária ao MP "há alguns dias", sem que tivessem sido encontrados indícios de qualquer crime, mas ressalvou a possibilidade de o procurador titular vir a entender serem necessárias mais diligências.