A soul que vem dos Jungle

Uma sonoridade personalizada, com tanto de cerebral como de emocional.

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Harmonias bem desenhadas, luxuriantes, com soul lá dentro, e um falsete eficaz: eis os Jungle

Há um ano, os ingleses Jungle, ou seja a dupla Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland (só conhecidos pelas siglas J. e T.), lançaram o single Platoon, que acabou por fazer relativo furor em Inglaterra. Surgiram depois videoclipes e alguns espectáculos ao vivo, onde a formação se alarga para sete membros, que lhes granjearam projecção — actuaram há uma semana no festival Alive em Lisboa. 

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Há um ano, os ingleses Jungle, ou seja a dupla Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland (só conhecidos pelas siglas J. e T.), lançaram o single Platoon, que acabou por fazer relativo furor em Inglaterra. Surgiram depois videoclipes e alguns espectáculos ao vivo, onde a formação se alarga para sete membros, que lhes granjearam projecção — actuaram há uma semana no festival Alive em Lisboa. 

Chega agora o álbum de estreia que persegue os desígnios que já se lhes reconheciam. Ou seja, são o tipo de projecto que parece ter sido laboriosamente pensado em estúdio, com uma sonoridade que parece apenas de cariz electrónico, mas onde na verdade todos os elementos foram tocados em detalhe. O que daí resulta é uma sonoridade soul-funk personalizada, com tanto de cerebral como de emocional. 

Dito assim, pode não parecer entusiasmante. E é verdade que não é um álbum uniforme. Mas as canções mais inspiradas acabam por suplantar eventuais fragilidades, com uma estrutura rítmica simples, harmonias bem desenhadas e uma voz em falsete eficaz. É uma música luxuriante, com tanto de fervor como de contenção, sendo capaz de evocar o passado da soul, do funk ou da pop, sem ficar presa a qualquer nomenclatura. Uma música que tanto pode ser desfrutada em ambiente doméstico, em contexto de dança ou em espectáculo ao vivo, sem que seja totalmente perceptível qual o seu habitat natural. O que não constitui propriamente um problema, já que a se equilibra de forma subtil entre opostos. 

Há quem compare os Jungle aos Massive Attack do primeiro álbum, no sentido em que no longínquo ano de 1991 o grupo de Bristol foi capaz de misturar tipologias diferenciadas, fazendo renascer em algumas canções a soul em toda a sua frescura. São contextos diferentes. O álbum dos Jungle não tem esse fôlego. Mas acaba por resultar num bom conjunto de canções com soul lá dentro.