Pelo terceiro ano consecutivo, um Citemor de combate (a pensar no futuro)
A 36.ª edição do festival começa esta quinta-feira e passa por Coimbra, Lisboa e Porto antes de chegar a Montemor-o-Velho.
Longe dos orçamentos (e, portanto, das programações) dos seus melhores anos, o Citemor passou de festival de referência e território privilegiado de criação nas áreas do teatro, da dança e da performance à escala da Península Ibérica (ali assistimos, e em tempo real, a um fenómeno chamado Rodrigo García) a uma espécie de sneak preview do que poderia fazer-se com um financiamento à altura. "O chumbo da candidatura aos apoios tripartidos lançados há dois anos impediu-nos de poder reconquistar alguma escala internacional. No ano passado, não tivemos qualquer tipo de apoio da DGArtes. E os 25 mil euros que recebemos este ano, se recordarmos que tivemos orçamentos bastante acima dos 200 mil euros e que o Citemor continua a contribuir anualmente para a renovação do repertório coproduzindo uma média de seis novas obras, são apenas pocket money. O festival continua a fazer-se porque tem a cumplicidade da comunidade artística, que continua a achá-lo indispensável: temos artistas a receberem cachets simbólicos, tal como no ano passado, e equipas técnicas e de produção a trabalharem pro bono", explica Armando Valente.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Longe dos orçamentos (e, portanto, das programações) dos seus melhores anos, o Citemor passou de festival de referência e território privilegiado de criação nas áreas do teatro, da dança e da performance à escala da Península Ibérica (ali assistimos, e em tempo real, a um fenómeno chamado Rodrigo García) a uma espécie de sneak preview do que poderia fazer-se com um financiamento à altura. "O chumbo da candidatura aos apoios tripartidos lançados há dois anos impediu-nos de poder reconquistar alguma escala internacional. No ano passado, não tivemos qualquer tipo de apoio da DGArtes. E os 25 mil euros que recebemos este ano, se recordarmos que tivemos orçamentos bastante acima dos 200 mil euros e que o Citemor continua a contribuir anualmente para a renovação do repertório coproduzindo uma média de seis novas obras, são apenas pocket money. O festival continua a fazer-se porque tem a cumplicidade da comunidade artística, que continua a achá-lo indispensável: temos artistas a receberem cachets simbólicos, tal como no ano passado, e equipas técnicas e de produção a trabalharem pro bono", explica Armando Valente.
Mesmo com a sua capacidade de produção radicalmente diminuída, o Citemor que esta quinta-feira começa inclui duas estreias nacionais – Decomposition, peça inspirada no mito sebastiânico que o português Paulo Castro traz da Austrália, onde se radicou há anos (esta quinta-feira e sexta-feira no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra; sábado e domingo na ZDB, em Lisboa), e Infinito - Besos =, em que a bailarina espanhola Tania Arias se faz dirigir por quatro criadores (sábado e domingo no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra; dias 31 de Julho e 1 de Agosto no espaço da Mala Voadora, Porto) – e duas antestreias absolutas – Golden, conflito de gerações entre as bailarinas Carlota Lagido e Mariana Tengner Barros (dia 7 na Sala B, em Montemor-o-Velho), e Fragmentos de um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas, pré-apresentação do projecto de sete palestras performativas que Joana Craveiro estreará no Outono em Lisboa (dias 8 e 9 no Teatro Esther de Carvalho, também em Montemor-o-Velho). Será de resto no último fim-de-semana, e em casa, que o festival mais se aproximará do seu ADN: "Reservámos para esse dias as criações desenvolvidas em contexto de residência artística e os espectáculos que ainda não estão concluídos ou em difusão. Cremos que com isso estamos a proteger, na medida dos recursos disponíveis, a identidade do festival."
Tal como nas edições anteriores, o espectador terá a liberdade (e a responsabilidade) de decidir quanto quer pagar para ver os espectáculos. É o presente "delicadíssimo" que temos, mas Armando Valente já está a pensar no futuro: "Acho que podemos estar muito próximos de um ponto de viragem. Tenho essa expectativa em relação ao Citemor como em relação ao país."