Barcelos recebe esta quinta-feira esse festival oásis chamado Milhões de Festa

Até domingo, passarão pelo festival nomes como Earthless, Boogarins, Jagwa Music, Fumaça Preta, High On Fire ou Vicious Five. Abençoada diversidade, a deste Milhões perfeitamente integrado na cidade que o acolhe.

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O ano passado o Milhões de Festa foi assim Dato Daraselia

Chama-se Milhões de Festa e, por esta altura, não será preciso explicar do que se trata. Realizado pela primeira vez em Braga (quatro bandas e dúzia e meia de bilhetes vendidos), em 2007, transportado para o Porto depois disso e desde 2010 em Barcelos, é um festival que, com uma identidade vincada que o transforma num espaço privilegiado para a partilha melómana e para a descoberta, colocou a cidade no mapa dos festivais de música. Aqui, não existe essa coisa aborrecida como a fronteira de géneros – tudo se mistura, tudo pode ser inspirador, o mundo é imenso e há muito para descobrir em qualquer recanto.

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Chama-se Milhões de Festa e, por esta altura, não será preciso explicar do que se trata. Realizado pela primeira vez em Braga (quatro bandas e dúzia e meia de bilhetes vendidos), em 2007, transportado para o Porto depois disso e desde 2010 em Barcelos, é um festival que, com uma identidade vincada que o transforma num espaço privilegiado para a partilha melómana e para a descoberta, colocou a cidade no mapa dos festivais de música. Aqui, não existe essa coisa aborrecida como a fronteira de géneros – tudo se mistura, tudo pode ser inspirador, o mundo é imenso e há muito para descobrir em qualquer recanto.

Assim, entre esta quinta-feira e domingo, entre as muitas dezenas de bandas, DJs e concertos montados propositadamente para a ocasião, veremos os Earthless, gurus do rock psicadélico actual (domingo, 23h20), ou os High On Fire (stoner-rock para acompanhar em headbanging sem restrições; sábado, 1h10). Teremos perante nós a folk fantasmagórica de Chelsea Wolfe (sexta, 21h40), mas também festim rítmico do-it-yourself dos Jagwa Music, da Tanzânia (domingo, 22h30), essa maravilhosa revelação do rock brasileiro chamada Boogarins (sexta, 1h50; sábado em Lisboa, no Musicbox), polirritmos africanos transformados em zumbido jazz inebriante (são ingleses, chamam-se Melt Yourself Down e tocam às 1h50 de domingo). Isto, sem referir o segundo concerto que marca o regresso para um funeral dos Vicious Five (sexta, 1h50), a irresistível viagem house-kraut-shoegaze dos vila condenses Sensible Soccers (amanhã, 2h50), que se seguirá ao funk tropicalista dos Fumaça Preta, que apresentarão o muito aguardado álbum de estreia (0h50); e sem pormos de lado a guitarra hipnotizadora do nigerino Mdou Moctar (sábado, 21h40), as canções pop, tão perfeitas, tão veraneantes, de Duquesa (domingo, 14h30), as novas viagens dos Flamingods, ponte não sabíamos existir entre Londres e o Bahrain (sábado, 23h20) ou o curioso que será perceber o que se anda a fazer por Itália, através dos óptimos The Lay Llamas (sábado, 20h).

A lista é exaustiva, naturalmente. A diversidade, igualmente. Co-organizado pela editora e promotora Lovers & Lollipops e pela Câmara Municipal de Barcelos, o Milhões de Festa tornou-se um dos pequenos oásis, muito apelativo, muito verdejante, em pleno período de festivais de Verão de massas. Na edição anterior, passaram por Barcelos cerca de quatro mil pessoas por dia e o objectivo será fixar-se pouco acima das cinco mil, diz o programador Joaquim Durães. “Ainda podemos crescer um pouco, mas o ideal será estabilizar nesse número, porque só assim o festival se manterá saudável. Sendo um festival dentro da cidade, lado a lado com os locais, tem que se manter uma boa relação. Cinco mil pessoas acaba por ser um bom número para que isso aconteça”. Se a programação, que reflecte uma “esquizofrenia” saudável entre “querermos um caminho e querermos, também, ter tudo o que gostamos”, é determinante para atrair ao Milhões de Festa um público curioso, para quem a cultura pop é vivida com fervor e humor, a forma como o festival se instala na cidade que o acolhe não o será menos.

Há os famosos concertos na piscina, claro, mas também uma vivência do espaço urbano, das suas tascas, dos seus cafés, restaurantes ou jardins (o parque de campismo para os espectadores, por exemplo, está no Parque da Cidade) que fazem do Milhões um caso bem-sucedido de integração entre a rotina de Barcelos e a agitação trazida pela chegada dos “forasteiros”.

O festival arranca esta quinta-feira em exclusivo no Palco Taina (entrada gratuita) com uma panorâmica sobre uma criação portuguesa contemporânea. Ouvir-se-á o jazz do Rodrigo Amado Motion Trio, as canções folk-rock de Alek Rein, que se prepara para lançar o muito aguardado álbum de estreia, o rock’n’roll dos Modernos, formados por três elementos dos Capitão Fausto, a gentileza acústica de Gonçalo, homem dos Long Way To Alaska, o R&B e chillwave deliciosamente sabotados dos Iguana, integrantes do universo Cafetra, ou a soul à século XXI de Ghettohven.

Os bilhetes diários custam 30€ e os passes para três dias 60€.