Convenção de Costa deixa de fora dívida e défice
Candidato às primárias considera “uma questão instrumental” o tema da consolidação orçamental.
Este é o primeiro de um “conjunto de documentos de natureza programática” que terão novos desenvolvimentos com a moção para as primárias, a moção de orientação estratégica ao congresso socialista e, finalmente, o seu programa de governo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Este é o primeiro de um “conjunto de documentos de natureza programática” que terão novos desenvolvimentos com a moção para as primárias, a moção de orientação estratégica ao congresso socialista e, finalmente, o seu programa de governo.
Mas este primeiro passo, a que Costa chamou “uma agenda para a década”, não inclui nos nove painéis definidos qualquer referência às questões do défice, da dívida e da consolidação orçamental. Em Aveiro, os apoiantes de Costa irão discutir, em vez disso, Portugal na lusofonia, o território, o mar, a modernização do tecido empresarial, o emprego, o investimento na ciência, o investimento na cultura, a modernização do Estado e o reforço da coesão nacional.
Confrontado com essa ausência, o presidente da Câmara de Lisboa explicou que o papel que pretende para a convenção é o de colocar o país a “olhar para o futuro”, focando-se assim na “resolução dos seus problemas estruturais que têm bloqueado o desenvolvimento [nacional] e a convergência com a União Europeia”. “Não podemos viver limitados ao dia de amanhã”, rematou. Para António Costa, a consolidação orçamental e a dívida portuguesa é “uma questão instrumental” que implica medidas de “curto prazo”. Não cabe, por isso, no debate sobre a “visão estratégica” que pretende definir para o país. “Nenhum país se pode mobilizar em torno dos objectivos de amanhã”, insistiu.
A ausência de um painel sobre a Europa foi igualmente justificado com a ideia de que este tema se incluía nos temas das “opções de legislatura”. E que, assim, “constará” – tal como no caso da dívida, do défice e da consolidação orçamental – da moção às primárias que fará o “desenvolvimento de um programa económico”.
Ainda sem ser uma lista definitiva, Costa apresentou uma boa parte dos nomes que vão participar nos painéis da sua Convenção Mobilizar Portugal. O sociólogo Boaventura Sousa Santos vai debater Portugal na lusofonia. No debate sobre o mar foi anunciado o nome do antigo chefe de Estado-Maior da Armada, o almirante Melo Gomes. O economista Luís Filipe Costa estará entre os empresários e líderes associativos que vão falar sobre a modernização do tecido empresarial. O professor universitário Miguel Cabrita vai debater o emprego. O ex-reitor da Universidade do Algarve Adriano Pimpão discutirá com outros a modernização do Estado. Costa destacou o facto de os convidados virem da sociedade civil, considerando ser essa uma condição necessária para “mobilizar o conjunto da sociedade civil” para o debate sobre a sua Agenda para Uma Década. Esta pretende vir a ser o embrião de um acordo de concertação e até documento de trabalho para uma negociação com “outras forças políticas”.