Holanda em luto recebe primeiros corpos do voo MH17
Minuto de silêncio no país, à chegada de avião da força aérea holandesa que transportou 16 caixões e de aparelho australiano que levou 24.
Nos minutos que antecederam as aterragens, os sinos das igrejas ecoaram país afora, em homenagem às vítimas da tragédia que causou a morte a 298 pessoas de 11 nacionalidades, 193 delas holandesas. As bandeiras estiveram a meia haste, sinal do luto nacional decretado pela primeira vez na Holanda desde a morte da rainha Guilhermina, em 1962.
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Nos minutos que antecederam as aterragens, os sinos das igrejas ecoaram país afora, em homenagem às vítimas da tragédia que causou a morte a 298 pessoas de 11 nacionalidades, 193 delas holandesas. As bandeiras estiveram a meia haste, sinal do luto nacional decretado pela primeira vez na Holanda desde a morte da rainha Guilhermina, em 1962.
No aeroporto de Amesterdão-Schiphol, de onde partiu o aparelho derrubado no Leste da Ucrânia, na quinta-feira passada, não descolaram nem aterraram aeronaves nos 13 minutos próximos do momento que os aviões com corpos chegaram a Eindhoven, segundo a Reuters.
O minuto de silêncio foi, de acordo com os relatos das agências noticiosas, cumprido em empresas, escritórios e nas ruas. Os transportes públicos pararam.
À espera de um Hercules C-130 da força aérea holandesa em que foram transportados 16 caixões e de um Boeing C-17 australiano em que seguiram 24, estavam cerca de um milhar de pessoas, sobretudo familiares e próximos das vítimas, o casal real, Guilherme Alexandre e Máxima, e o primeiro-ministro, Mark Rutte. Estavam também representantes de países que perderam cidadãos na queda do avião, incluindo o governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove. No exterior do aeroporto, viam-se numerosos ramos de flores que ali têm vindo a ser deixados.
Após a aterragem dos aviões provenientes de Kharkov, onde as vítimas também receberam honras militares à partida, os caixões foram levados com solenidade, em silêncio, aos ombros de militares, para carros funerários alinhados na pista do aeroporto de Eindhoven.
Os carros seguiram depois, escoltados por motas, para instalações militares perto de Hilversum, a cerca de cem quilómetros. É aí que começará o processo de identificação dos corpos, que nalguns casos será rápido mas noutros poderá prolongar-se por semanas ou meses. À passagem do cortejo, milhares de holandeses lançaram flores e aplaudiram. As auto-estradas foram temporariamente encerradas para facilitar o transporte.
Como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Frans Timmermans, quase toda a gente de um país de 15 milhões de habitantes conhecia alguém ou familiares de alguém que tenha morrido no derrube do avião – o que contribuiu para o ambiente de comoção em que o país mergulhou.
A contida e emotiva homenagem desta quarta-feira vai repetir-se. A maior parte dos cadáveres ainda estão na Ucrânia. Chegou a ser anunciada a partida de Kharkov de um outro avião, um aparelho militar canadiano, com 24 outros caixões, mas até ao final do dia essa informação não tinha sido confirmada.
Na segunda-feira, um comboio com corpos de vítimas partiu de Torez, zona do Leste da Ucrânia controlada por separatistas pró-russos, para Kharkov, cidade fiel ao Governo de Kiev. Na altura foi anunciado que transportava 282 corpos mas na terça-feira fonte oficial holandesa disse que apenas tinham sido transportados 200.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbot, confirmou entretanto que não há certezas sobre o número de corpos levados para Kharkov nem sobre quantos permanecerão ainda na zona em que o avião se desempenhou. Para a tarde de quinta-feira está prevista a partida para a Ucrânia do ministro holandês Frans Timmermans e da homóloga australiana, Julie Bishop, para discutirem o processo de “repatriamento dos [restantes] corpos e o inquérito”. No Boeing 777 malaio seguiam 28 australianos.
O MH17 – presumivelmente abatido por um míssil disparado por separatistas pró-russos – caiu numa área controlada pelos separatistas. Todos os 298 passageiros e tripulantes, morreram. Entre eles 80 crianças ou adolescentes.