As eleições primárias e o PS
O pior que pode acontecer ao PS é que esta consulta seja um momento de afirmação de pequenas intrigas.
Não é por acaso que os partidos socialistas, designadamente em França, em Itália e na Grécia, têm sido pioneiros na implementação de eleições primárias: o seu pensamento e a sua acção foram de tal modo espartilhados pelas lógicas de pensamento dominantes – que constituem um verdadeiro dogma ultraliberal com epicentro em Bruxelas – que poucas alternativas de regeneração têm restado aos seus dirigentes. Enquanto uma outra agenda não derrubar este status quo, organizações e partidos políticos bem poderão experimentar novas e promissoras metodologias, mas enfrentarão consequências irreversíveis se perderem a lucidez e o bom arbítrio: os cidadãos não exigem eleições primárias, mas respostas concretas para os seus problemas.
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Não é por acaso que os partidos socialistas, designadamente em França, em Itália e na Grécia, têm sido pioneiros na implementação de eleições primárias: o seu pensamento e a sua acção foram de tal modo espartilhados pelas lógicas de pensamento dominantes – que constituem um verdadeiro dogma ultraliberal com epicentro em Bruxelas – que poucas alternativas de regeneração têm restado aos seus dirigentes. Enquanto uma outra agenda não derrubar este status quo, organizações e partidos políticos bem poderão experimentar novas e promissoras metodologias, mas enfrentarão consequências irreversíveis se perderem a lucidez e o bom arbítrio: os cidadãos não exigem eleições primárias, mas respostas concretas para os seus problemas.
A alternativa que o PS lidera em Portugal tem de assentar, desde logo, na assunção da sua matriz reformista. Impõe-se uma agenda de transformação, mas também um compromisso de resistência: quem aceitar de forma acrítica o Tratado Orçamental e a abordagem da crise imposta pela maioria conservadora estará exposto a um desgaste que rapidamente porá em causa a estabilidade governativa. A gestão das expectativas não perdoará.
Devemos encarar as eleições primárias sem fundamentalismos, sob pena de revermos nelas o que, justamente, não são: uma resposta à emigração jovem, ao desmantelamento do Estado social ou ao agravamento das desigualdades. Muitos negligenciarão que será necessário tempo para que as eleições primárias se consolidem em Portugal e apressar-se-ão a declarar o seu fracasso, porventura cedo de mais. Que fique claro: as eleições primárias são positivas e até encorajadoras, mas não representam uma cura, apenas um paliativo. Mais audaz terá de ser a resposta do PS à incapacidade de a Esquerda encontrar respostas concretas aos anseios da população, em geral, e do seu eleitorado, em particular.
O pior que pode acontecer ao PS é que esta consulta seja um momento de afirmação de pequenas intrigas. Haja espaço para ideias, propostas e personalidades distintas: se as eleições primárias mais não forem do que uma soma de pequenos casos, perderá a Democracia.
Secretário-geral da Juventude Socialista