Mais um estudo revela por que comer um bife faz mal ao planeta
Investigadores comparam impacto de vários produtos de origem animal com base em dados concretos da realidade norte-americana.
“A clara mensagem é a de que a carne de vaca é de longe a categoria animal menos eficiente ambientalmente nas quatro métricas consideradas”, concluem quatro investigadores dos Estados Unidos e de Israel, num artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science.
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“A clara mensagem é a de que a carne de vaca é de longe a categoria animal menos eficiente ambientalmente nas quatro métricas consideradas”, concluem quatro investigadores dos Estados Unidos e de Israel, num artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science.
Os investigadores basearam-se em dados entre 2000 e 2010 sobre áreas cultivadas, água de rega e uso de fertilizantes nos Estados Unidos. Também utilizaram dados sobre as emissões de gases com efeito de estufa, derivadas de análises de ciclo de vida – em que tudo o que é necessário para fazer um animal crescer é tido em conta.
O estudo avaliou o impacto da carne de vaca, de porco e de aves, e também dos lacticínios e dos ovos, que juntos representam 96% do consumo norte-americano de calorias de origem animal. Os peixes ficaram de fora porque pesam muito pouco nos hábitos alimentares do país – apenas dois por cento da energia de origem animal – e porque não havia dados suficientes.
Para produzir aquelas categorias de alimentos de origem animal, são necessários 3,7 milhões de quilómetros quadrados – mais de 40 vezes a área de Portugal – em culturas agrícolas e pastos. Também são consumidos 45 mil milhões de metros cúbicos de água, o que equivale ao consumo doméstico norte-americano, e seis milhões de toneladas de fertilizantes – metade do total nacional. As emissões de gases com efeito de estufa equivalem a 300 milhões de toneladas de CO2 – cinco por cento do total dos Estados Unidos e quatro vezes as emissões de Portugal.
Com muita massa e muito pouca eficiência alimentar, o gado bovino destaca-se claramente em primeiro plano. Para cada caloria contida num bife, são necessárias cerca de 35 calorias de pastagens e rações. Todas as outras categorias de produtos estão próximas ou abaixo da taxa de conversão usual entre dois elos da cadeia alimentar, que é de dez para um.
Os investigadores dizem que, embora o estudo seja baseado em dados dos Estados Unidos, as suas conclusões reforçam as preocupações quanto à exportação de hábitos alimentares para outros países, em especial a China e a Índia, os mais populosos do mundo. “Os nossos resultados podem ajudar a iluminar os caminhos que medidas legislativas correctivas podem tomar”, escrevem.