Associação Acreditar cria bolsas de estudo para jovens com cancro
No ano passado, foram encaminhadas para a instituição 278 famílias pelos serviços sociais dos hospitais. Por agora a capacidade é de apenas duas bolsas.
O programa de atribuição de bolsas de estudo para o ano lectivo 2014-2015, que assinala simbolicamente o 20.º aniversário da Acreditar, vai contemplar apenas dois jovens, mas a intenção é que, no futuro, sejam atribuídas mais bolsas, disse a directora da associação. "Se conseguirmos angariar apoios junto da sociedade civil, talvez consigamos ajudar mais jovens" a prosseguir os estudos, disse Margarida Cruz.
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O programa de atribuição de bolsas de estudo para o ano lectivo 2014-2015, que assinala simbolicamente o 20.º aniversário da Acreditar, vai contemplar apenas dois jovens, mas a intenção é que, no futuro, sejam atribuídas mais bolsas, disse a directora da associação. "Se conseguirmos angariar apoios junto da sociedade civil, talvez consigamos ajudar mais jovens" a prosseguir os estudos, disse Margarida Cruz.
A criação destas bolsas visou responder à necessidade que os pais têm de poderem continuar a apostar na educação dos filhos, que "vão ficar bons e vão precisar de ter uma boa profissão, uma boa formação", explicou. Sob o lema "Tratar a criança com cancro e não só o cancro na criança", a Acreditar tem feito a diferença no dia-a-dia de milhares de crianças, adolescentes e respectivas famílias, intervindo a nível emocional, material, financeiro e educativo.
Fazendo um balanço do trabalho de duas décadas da Acreditar, Margarida Cruz disse que a associação cumpriu o seu papel, mas o "balanço seria muito mais positivo", se a associação pudesse ter deixado de existir: "Era um óptimo sinal". Mas o que tem acontecido é que há "cada vez mais famílias fragilizadas e carenciadas" a recorrerem à instituição, "como último recurso", uma situação potenciada pelos cortes orçamentais ao nível da protecção social, pelo aumento do desemprego, das despesas com os tratamentos e as deslocações ao hospital. Acresce a esta situação, o facto de o tratamento levar a que o principal cuidador deixe de trabalhar para poder cuidar do filho.
No ano passado, foram encaminhadas para a instituição 278 famílias pelos serviços sociais dos IPO do Porto, de Coimbra e Lisboa, do Hospital de S. João, Hospital Pediátrico de Coimbra, Hospitais da Universidade de Coimbra e Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal. "Nós que não tínhamos uma vocação para dar apoio económico, cada vez mais temos de ajudá-las a vencer algumas dificuldades económicas, até porque numa fase tão complicada da vida deles é quase injusto que ainda tenham que estar a pensar se têm dinheiro para pagar a renda", uma prótese ou um suplemento alimentar que a criança necessita para a sua recuperação, sublinhou.
Margarida Cruz explicou que são necessidades que não estão directamente relacionadas com os tratamentos, que são comparticipados na totalidade, mas com a qualidade de vida destas crianças. Para responder a necessidades que não estão contempladas nos protocolos da Segurança Social (rendas, medicamentos, facturas de água, gás e electricidade), ou devido a atrasos na atribuição dos subsídios de protecção na parentalidade, a Acreditar apoiou financeiramente 46 famílias, num valor total de cerca de 35 mil euros, em 2013. A nível alimentar, a associação apoiou 59 famílias.
"Procuramos, com algum equilíbrio, ajudar todos aqueles que recorrem a nós, o que quer dizer que, muitas vezes, alguma ajuda fica aquém das necessidades das pessoas", sublinhou Margarida Cruz.
Comparativamente a 2012, o valor de donativos de empresas desceu de 64% para 58,2%, situação que reflecte a crise económica que muitas empresas estão a viver. No entanto, as doações de particulares aumentaram de 29% para 32,6%, o que demostra que, "apesar de estarem a viver tempos difíceis, as famílias deram prioridade ao apoio à Acreditar, reconhecendo o trabalho levado a cabo pela instituição", sublinha a associação.