Cavaco Silva considera que relações com Seul estão aquém do seu potencial e condena Coreia do Norte
Presidente da República repudia "violação dos direitos humanos" por parte de Pyongyang.
"Consideramos que a violação dos direitos humanos que ocorre na Coreia do Norte é, de facto, um crime contra a Humanidade", declarou o chefe de Estado português numa conferência de imprensa, esta segunda-feira, após um encontro com a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, o último ponto do programa da sua visita oficial de dois dias à República da Coreia.
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"Consideramos que a violação dos direitos humanos que ocorre na Coreia do Norte é, de facto, um crime contra a Humanidade", declarou o chefe de Estado português numa conferência de imprensa, esta segunda-feira, após um encontro com a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, o último ponto do programa da sua visita oficial de dois dias à República da Coreia.
Durante o encontro, Cavaco Silva transmitiu à sua homóloga que a posição de Portugal "é muito clara na condenação dos ensaios nucleares, tal como é muito clara no que respeita às ameaças que de vez em quando são feitas na utilização de mísseis".
O Presidente felicitou Park Geun-hye pelo seu plano para a reunificação da Coreia, dividida desde 1945, com as duas partes a reclamarem a soberania total da península. "Consideramos um plano construtivo, apostando no diálogo, mas também para promover a paz, a segurança nesta região e dar um contributo para a melhoria do respeito dos direitos humanos na Coreia do Norte", afirmou Cavaco Silva.
Por seu lado, a Presidente agradeceu o "firme apoio" português à "visão de reunificação e à política voltada para a Coreia do Norte".
Reforço das relações
Cavaco Silva disse ainda ter constatado que as relações entre Portugal e a Coreia do Sul "estão aquém do seu potencial, mas foi firme a determinação dos dois países em darem um passo em frente para reforçarem as relações em todos os domínios – político, económico, empresarial, cultural, científico e turístico".
Sobre o encontro com a sua homóloga, o Presidente garantiu que as conversas foram "extremamente proveitosas e vão traduzir-se em benefícios mútuos" para ambos os países. "Não tenho dúvidas de que na sequência da nossa reunião de hoje, demos um passo importante para o reforço das relações políticas, económicas, comerciais, culturais e turísticas entre os nossos dois países para o reforço das relações de amizade entre os povos coreano e português", declarou.
O chefe de Estado afirmou que "é possível dar passos em frente na cooperação entre Portugal e a Coreia no domínio económico, com vantagens para os dois países".
O Presidente referiu que o pequeno-almoço que hoje teve com administradores de grandes empresas sul-coreanas e o seminário económico que se seguiu permitiram "abrir portas para que se realizem avanços na cooperação empresarial entre parceiros coreanos e portugueses".
A chefe de Estado coreana afirmou que "o volume comercial entre a Coreia e Portugal tem crescido continuamente e a perspectiva é de que crescerá ainda mais graças à recuperação da conjuntura económica da zona euro e também da implementação do acordo de livre comércio" entre a União Europeia e a República da Coreia.
"Há possibilidade para a criação de ligações entre empresários de dois países e para fomentar o conhecimento e o investimento mútuo", defendeu Park Geun-hye.
Durante o encontro, os dois presidentes assinaram um memorando de entendimento que pretende incrementar a cooperação no domínio do turismo, área em que existe "um grande potencial de crescimento", e um outro para desenvolver "a cooperação bilateral nas energias renováveis e na eficiência energética, em que os dois países dispõem de know-how e potencial de relevo".
Após o encontro, o Presidente almoçou com a sua homóloga, tendo realçado que a sua visita à Coreia do Sul, a primeira de um chefe de Estado português desde o estabelecimento de relações diplomáticas, há mais de 50 anos, "é um sinal claro da importância que os dois países atribuem à relação bilateral e da determinação firme em construir, em conjunto, uma parceria de futuro".
No domingo, foram assinados protocolos entre instituições académicas dos dois países.
Solidariedade pelo acidente com o ferry
O Presidente da República transmitiu ainda a sua solidariedade pelo "trágico acidente" do ferry Sewol, no qual morreram centenas de pessoas, a maioria jovens estudantes do secundário, no passado dia 16 de Abril.
"Quero, em primeiro lugar, dirigir uma palavra de solidariedade face ao trágico naufrágio do ferry Sewol", disse o chefe de Estado português, no início de um encontro com a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, no âmbito da visita oficial de dois dias que realiza à Coreia do Sul.
Cavaco Silva disse que "o povo português acompanhou, partilhou a dor do povo amigo coreano nessa tragédia em que perderam a vida tantos jovens coreanos".
A memória do acidente ainda se mantém muito presente entre os sul-coreanos, com pessoas a manterem-se nas ruas com cartazes a recordar os mortos e as vítimas cujos corpos ainda não foram encontrados, usando laços amarelos que simbolizam a esperança que estes venham a aparecer.