58 palestinianos, incluindo uma família de oito, mortos nas primeiras 24 horas da invasão de Gaza
Israel ameaça “alargar significativamente” a ofensiva terrestre lançada após dez dias de intensos ataques aéreos. Ao todo, já morreram 296 palestinianos e dois israelitas (um civil e um soldado morto esta sexta-feira por “fogo amigo”).
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu de urgência em Nova Iorque, onde o chefe dos Assuntos Políticos da organização, Jeffrey Feltman, afirmou que “Israel tem preocupações de segurança legítimas” e condenou “o disparo indiscriminado de rockets de Gaza para Israel”, ao mesmo tempo que se disse “alarmando pela dura resposta” israelita.
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O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu de urgência em Nova Iorque, onde o chefe dos Assuntos Políticos da organização, Jeffrey Feltman, afirmou que “Israel tem preocupações de segurança legítimas” e condenou “o disparo indiscriminado de rockets de Gaza para Israel”, ao mesmo tempo que se disse “alarmando pela dura resposta” israelita.
Após dez dias de intensos bombardeamentos, que já tinham destruído pelo menos 1600 casas e obrigado 20 mil palestinianos a procurar abrigo, o Governo de Israel deu início a uma ofensiva terrestre que ameaça vir a “alargar significativamente”. Os Estados Unidos têm estado quase ausentes das poucas tentativas internacionais para travar a violência, mas este desenvolvimento levou Barack Obama a telefonar ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para reafirmar o apoio de Washington e, em simultâneo, “deixar claro que os EUA estão preocupados com os riscos de uma maior escalada e perda de mais vidas inocentes”.
As primeiras 24 horas do avanço de tanques e artilharia lançaram o pânico no pequeno enclave de 1,8 milhões de habitantes – o número de deslocados internos duplicou para 40 mil – mas nenhum tanque ou soldado entrou muito profundamente na Faixa. O grande número de vítimas (58) é explicado com a continuação dos ataques aéreos e com a intensificação dos disparos a partir de navios.
Apelo de ONG israelitas
As principais organizações não-governamentais de direitos humanos israelitas pediram a abertura de um corredor humanitário que permita retirar de Gaza os feridos e que “os habitantes se possam deslocar das zonas bombardeadas para zonas de segurança”. Exigem também que “as equipas de socorro e o pessoal médico [palestiniano] possam cumprir a sua missão sem pôr em risco as suas vidas”. “Apelamos a uma acção imediata para que Israel honre a sua obrigação legal”, dizem numa carta colectiva dirigida ao ministro da Defesa, Moshe Yaloon.
Habituados a viver sob bloqueio terrestre, marítimo e aéreo permanente, os habitantes de Gaza têm tentado sem sucesso atravessar o terminal de Rafah em fuga para o Egipto. Já os egípcios e outros não palestinianos puderam esta sexta-feira passar a fronteira e deixar para trás a guerra. “Não queria abandonar a minha casa, mas a noite anterior foi muito difícil, com o início da ofensiva terrestre”, disse à AFP Suheir Massoud, egípcia, mãe de quatro crianças, enquanto esperava que o seu passaporte fosse carimbado. Elhmam Abu Daghma, uma argelina de 50 anos, casada, como Massoud, com um palestiniano, fez o mesmo percurso. “Vocês salvaram-nos, vocês salvaram-nos”, disse a um soldado egípcio.
De acordo com o Exército israelita, a operação terrestre na Faixa de Gaza já permitiu matar 17 combatentes palestinianos. Israel diz ainda que 13 se renderam e foram levados para interrogatório.
Para já, os números continuam bem longe da última invasão em larga escala do território; durou três semanas, entre o fim de 2008 e o início de 2009, matando 1400 palestinianos e fazendo 13 vítimas mortais entre os israelitas. Até agora, morreram 296 palestinianos e dois israelitas (um civil e um soldado morto esta sexta-feira por “fogo amigo”).
A actual ofensiva, que Israel diz visar impedir o lançamento de rockets a partir de Gaza, começou depois da morte de três adolescentes israelitas, raptados na Cisjordânia. Em resposta, um adolescente palestiniano foi queimado vivo – Israel prendeu seis suspeitos, segundo o jornal Ha’aretz “extremistas judeus que agiram por vingança” contra o assassínio dos três israelitas.