Direcção do PS abre os braços “às várias sensibilidades e tendências” da esquerda
Campanha de Costa em silêncio sobre movimentações e desvinculações no Bloco.
António José Seguro foi a Faro (na noite de segunda-feira) defender os méritos da eleição já depois de ter escrito escreveu no Facebook que “em 40 anos de democracia, esta é a primeira vez que simpatizantes poderão escolher o candidato a primeiro-ministro”.
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António José Seguro foi a Faro (na noite de segunda-feira) defender os méritos da eleição já depois de ter escrito escreveu no Facebook que “em 40 anos de democracia, esta é a primeira vez que simpatizantes poderão escolher o candidato a primeiro-ministro”.
António Costa preferiu apresentar, na sede do PS, alguns dos simpatizantes que o apoiavam na sua caminhada. O Largo do Rato encheu-se de individualidades para elogiar o presidente da câmara de Lisboa, mesmo que não pudessem participar no processo, como o engenheiro Carvalho Rodrigues, pai do primeiro satélite português. Que por ser militante do PSD não pode participar nas primárias
Para lá do simpatizante que não pode votar, a iniciativa de Costa teve também a novidade de se mascarar de "conferência de imprensa" sem que os jornalistas pudessem questionar o candidato.
Que assim perdeu a oportunidade de comentar as movimentações à esquerda do PS. Quem não desperdiçou a deixa foi a equipa do secretário-geral do PS. Da parte da direcção do PS, a decisão da Associação Fórum Manifesto foi vista como um bom sinal. “É altura do PS se abrir à sua esquerda”, disse ao PÚBLICO o membro da direcção, Álvaro Beleza. “Eu defendo um PS como a casa das esquerdas, com aberta a várias sensibilidades e tendências como a de Ana Drago, ou o partido Livre, ou a Renovação comunista”, acrescentou antes de recordar que há um sector no PS com uma grande afinidade com essa área”. E por isso conclui que o “PS tem de encarar isto sem complexos” por forma a contrapôr à inevitabilidade de um Bloco Central.
Já ontem, outro elemento do secretariado de Seguro reagira à situação criada por Ana Drago. "O sistema político português tem vivido bloqueado à sua esquerda, o PS nunca conseguiu ser governo fazendo uma coligação ou um acordo parlamentar com os partidos à sua esquerda. Esta saída [de Ana Drago], tendo essa agenda, abre aqui uma possibilidade", disse ao i Eurico Brilhante Dias.
Do lado segurista, recorriam-se a todas as armas, inclusive as internacionais. O Largo do Rato divulgou uma carta do líder do SPD alemão, Sigmar Gabriel, que pedia ao PS que fosse “o anfitrião” da conferência-parlamentar no âmbito da campanha 'Trabalho decente no mundo inteiro'” que o partido germânico está a preparar. Seguro aceitou a ideia e anunciou que esta terá lugar em Novembro.
Do lado de Costa, nenhum dos socialistas que têm lutado por Costa, e que foram contactados pelo PÚBLICO, se disponibilizou a abordar a questão.
Quem não reagiu bem foi a coordenadora do BE, Catarina Martins. A dirigente do BE foi a primeira a tomar publicamente uma posição sobre a desvinculação. "Nos últimos seis meses, a Ana Drago tem tido uma posição diferente [da direcção do BE] e considera que mais importante do que debater este programa de esquerda, do que continuar a juntar forças para este programa de esquerda, é preciso pensar em soluções de governação, ainda que este programa deixe de ser o centro dessa aliança de esquerda", afirmou a líder bloquista. Uns minutos depois seria ainda mais concreta, ao defender que há quem prefira "possibilidades governativas com o PS, que desistem desse programa comum que foi construído ao longo destes anos".