Juncker estreia-se na Comissão Europeia com muitas promessas
Parlamento Europeu confirmou a candidatura do luxemburguês. Antes, o sucessor de Barroso prometeu “a reindustrialização da Europa” e o regresso ao trabalho dos 25 milhões de desempregados da UE.
No discurso que antecedeu a votação, Juncker prometeu muito a muitas tendências políticas. Prometeu um plano de investimento público e privado de 300 mil milhões de euros para os próximos três anos. Prometeu “a reindustrialização da Europa” e o regresso ao trabalho dos 25 milhões de desempregados da UE, muitos deles jovens – a Europa só sairá do poço “quando regressar ao pleno emprego”, afirmou.
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No discurso que antecedeu a votação, Juncker prometeu muito a muitas tendências políticas. Prometeu um plano de investimento público e privado de 300 mil milhões de euros para os próximos três anos. Prometeu “a reindustrialização da Europa” e o regresso ao trabalho dos 25 milhões de desempregados da UE, muitos deles jovens – a Europa só sairá do poço “quando regressar ao pleno emprego”, afirmou.
Garantiu que as regras sobre o défice e a redução da dívida não vão mudar (“é preciso respeitar as regras fiscais; os princípios básicos não se irão alterar”), mas também defendeu a existência de um salário mínimo em todos os estados-membros. “O social deve estar no coração da acção europeia”, disse ainda, referindo-se às políticas de austeridade com cortes em áreas fundamentais que ele próprio contribuiu para pôr em prática nos últimos anos.
O novo chefe da Comissão Europeia defendeu que os 28 não se podem “dar por satisfeitos com a política de Negócios Estrangeiros” actual e lamentou que os países interferiram demasiado numa desejada política externa única. Foi aplaudido pela maioria quando afirmou que a moeda única protegeu os europeus na economia mundial.
Apoiado por diferentes famílias, falou para todas: para a sua, o Partido Popular Europeu, para os socialistas, para liberais e centristas, os que se aliaram para o eleger na sequência dos resultados das eleições de 25 de Maio.
Mais votos do que Barroso
Apesar de só precisar de 376 dos 751 votos para conseguir a maioria, em teoria, o luxemburguês contaria com 480. Mas o voto foi secreto, o que aumentou o número de deputados do grande bloco a rejeitar Juncker – pelo menos 60 populares, socialistas e liberais-democratas tinham indicado que iriam votar contra o luxemburguês (a maioria dos espanhóis, por exemplo, votou “não”, escreve o El País).
O maior número de deserções veio do Partido Socialista Europeu – vários espanhóis, vários britânicos e franceses votaram contra ou abstiveram-se. Houve 250 eurodeputados a votar contra Juncker e 47 boletins em branco, para além de 17 votos nulos. Em Setembro de 2009, quando foi reconduzido, Barroso teve 382 votos a favor, 219 contra e contou com a abstenção de 117 deputados; em 2004, foi eleito com 413 votos a favor (menos do que os obtidos agora por Juncker), 251 contra e 44 abstenções.
Juncker vinha preparado e, no seu discurso, tentou convencer indecisos e verdes. “É com o sonho que devemos responder às angústias, medos e esperanças dos cidadãos europeus”, disse, prometendo “lutar contra a fraude e a evasão fiscal” e “modificar o processo de autorização da cultura dos organismos geneticamente modificados”.
Também sobre o pacto de comércio e investimento actualmente a ser negociado com os Estados Unidos prometeu que será debatido com mais transparência. “Se não publicarmos os documentos relativos… este tratado vai falhar. Vai falhar aos olhos da opinião pública.”
O luxemburguês de 59 anos, conhecido como hábil negociador de bastidores e que se descreve como “um reformista permanente”, chega ao cargo depois de ultrapassar a oposição do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e do Governo húngaro – estas posições motivaram um intenso debate sobre a democracia na União, já que todos os grupos políticos tinham apresentado um candidato e se esperava que aceitassem a eleição do escolhido pela nova maioria parlamentar.
Juncker sucede ao ex-primeiro-ministro português e herda, para além da crise económica, uma profunda crise de identidade da própria Comissão.