Ciência – crónica de uma morte anunciada!
Para quê estes cortes? Para onde vai o dinheiro?
No final do ano passado, registaram-se cortes drásticos nas bolsas de doutoramento (-40%) e de pós-doutoramento (- 65%), condenando deste modo toda uma geração de investigadores e procedendo a uma “destruição criativa” da Ciência, como assim a apelidou o conceituado investigador Manuel Sobrinho Simões.
A fuga de cérebros está em curso e o país perde o seu melhor capital humano que outros aproveitarão sem os inerentes custos de investimento associados a estas formações altamente qualificadas. Será este, porventura, um dos piores exemplos de má governação – desperdício do potencial humano, morte de instituições e projetos cujo retorno económico para o país é por de mais evidente!
Este cenário calamitoso é agora reforçado com a publicitação dos resultados referentes à primeira fase de avaliação das unidades de investigação, cujo número de cientistas “sentenciados à morte”, como assim os designou o investigador Carlos Fiolhais, é de 5187 num total de 15.444 investigadores.
A avaliação das unidades de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico promovida pela FCT, que para o efeito se fez substituir pela European Science Foundation, cuja credibilidade está a ser muito questionada pela comunidade científica, já excluiu de qualquer apoio 71 dessas unidades, às quais se encontram associados 1904 membros, e remeteu para um financiamento de base, com tempo de vida contado, mais 83, com 3283 investigadores associados. Ou seja, a curto prazo cerca de metade das unidades de investigação, 154 num universo de 322, serão condenadas à morte e mais de cinco mil investigadores terão de emigrar se quiserem continuar a investigar.
É chocante verificar que muitos dos cientistas que estão a ser dispensados em diversos setores estratégicos como a Matemática, a Física, a Engenharia, a Sociologia, entre outras, foram galardoados com distinções nacionais e internacionais. Não servem para fazer investigação, mas servem para projetar no exterior a ciência que em Portugal se faz! Que caminho é este?!
Resta ainda acrescentar que o Governo diz recorrentemente que o financiamento para a Ciência não tem diminuído. Então para quê estes cortes? Para onde vai esse dinheiro?
O investimento em Ciência tem de ser uma ideia partilhada por todos para a defesa dos interesses nacionais e do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, que tanto trabalho deu a construir e não pode ser destruído deste modo!
Deputada do PS, cientista social
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No final do ano passado, registaram-se cortes drásticos nas bolsas de doutoramento (-40%) e de pós-doutoramento (- 65%), condenando deste modo toda uma geração de investigadores e procedendo a uma “destruição criativa” da Ciência, como assim a apelidou o conceituado investigador Manuel Sobrinho Simões.
A fuga de cérebros está em curso e o país perde o seu melhor capital humano que outros aproveitarão sem os inerentes custos de investimento associados a estas formações altamente qualificadas. Será este, porventura, um dos piores exemplos de má governação – desperdício do potencial humano, morte de instituições e projetos cujo retorno económico para o país é por de mais evidente!
Este cenário calamitoso é agora reforçado com a publicitação dos resultados referentes à primeira fase de avaliação das unidades de investigação, cujo número de cientistas “sentenciados à morte”, como assim os designou o investigador Carlos Fiolhais, é de 5187 num total de 15.444 investigadores.
A avaliação das unidades de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico promovida pela FCT, que para o efeito se fez substituir pela European Science Foundation, cuja credibilidade está a ser muito questionada pela comunidade científica, já excluiu de qualquer apoio 71 dessas unidades, às quais se encontram associados 1904 membros, e remeteu para um financiamento de base, com tempo de vida contado, mais 83, com 3283 investigadores associados. Ou seja, a curto prazo cerca de metade das unidades de investigação, 154 num universo de 322, serão condenadas à morte e mais de cinco mil investigadores terão de emigrar se quiserem continuar a investigar.
É chocante verificar que muitos dos cientistas que estão a ser dispensados em diversos setores estratégicos como a Matemática, a Física, a Engenharia, a Sociologia, entre outras, foram galardoados com distinções nacionais e internacionais. Não servem para fazer investigação, mas servem para projetar no exterior a ciência que em Portugal se faz! Que caminho é este?!
Resta ainda acrescentar que o Governo diz recorrentemente que o financiamento para a Ciência não tem diminuído. Então para quê estes cortes? Para onde vai esse dinheiro?
O investimento em Ciência tem de ser uma ideia partilhada por todos para a defesa dos interesses nacionais e do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, que tanto trabalho deu a construir e não pode ser destruído deste modo!
Deputada do PS, cientista social