O “sucesso” da balança de pagamentos
Numa das primeiras crónicas após a chegada de Vítor Gaspar ao Governo, surpreendi-me por o então governante proclamar como enorme êxito o facto de, pela primeira vez ao fim de muitos anos, termos equilíbrio e até superavit na balança com o exterior. Qualquer leigo reconhecia duas verdades: que o pesadíssimo corte fiscal fizera baixar o consumo interno, boa parte dele em bens importados; e que, passado o emagrecimento forçado, assim que a procura interna se restabelecesse, voltaríamos ao desequilíbrio. O Governo escudava-se no crescimento das exportações, esperando-o imparável. Pois bem, tal crescimento assenta em escasso número de grandes operadores, dentre eles a Galp, que aproveitou, e bem, os contratos de longo prazo que detinha com fornecedores para revender combustíveis ao Japão, de súbito forçado a construir uma mão-cheia de centrais térmicas após o desastre de Fukushima. Acresceu a janela de oportunidade de vender combustível refinado para os EUA e outros, aberta ainda no Governo Sócrates com a ampliação da refinaria de Sines, dado o progressivo encerramento de refinarias na Europa por razões ambientais e de baixa rentabilidade. Bastou que a refinaria parasse para manutenção para que as exportações claudicassem. Respondeu o Governo que tal só afectaria os três primeiros meses deste ano. Decorridos cinco meses verifica-se que o Governo errara e mentia: o défice comercial aumentou 21,6% nos primeiros cinco meses face a meses homólogos do ano anterior. Não só as importações cresceram 2,3%, como as exportações baixaram 0,9%. Infelizmente para todos nós, mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo!
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Numa das primeiras crónicas após a chegada de Vítor Gaspar ao Governo, surpreendi-me por o então governante proclamar como enorme êxito o facto de, pela primeira vez ao fim de muitos anos, termos equilíbrio e até superavit na balança com o exterior. Qualquer leigo reconhecia duas verdades: que o pesadíssimo corte fiscal fizera baixar o consumo interno, boa parte dele em bens importados; e que, passado o emagrecimento forçado, assim que a procura interna se restabelecesse, voltaríamos ao desequilíbrio. O Governo escudava-se no crescimento das exportações, esperando-o imparável. Pois bem, tal crescimento assenta em escasso número de grandes operadores, dentre eles a Galp, que aproveitou, e bem, os contratos de longo prazo que detinha com fornecedores para revender combustíveis ao Japão, de súbito forçado a construir uma mão-cheia de centrais térmicas após o desastre de Fukushima. Acresceu a janela de oportunidade de vender combustível refinado para os EUA e outros, aberta ainda no Governo Sócrates com a ampliação da refinaria de Sines, dado o progressivo encerramento de refinarias na Europa por razões ambientais e de baixa rentabilidade. Bastou que a refinaria parasse para manutenção para que as exportações claudicassem. Respondeu o Governo que tal só afectaria os três primeiros meses deste ano. Decorridos cinco meses verifica-se que o Governo errara e mentia: o défice comercial aumentou 21,6% nos primeiros cinco meses face a meses homólogos do ano anterior. Não só as importações cresceram 2,3%, como as exportações baixaram 0,9%. Infelizmente para todos nós, mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo!