Violentos combates entre milícias rivais no aeroporto de Trípoli
Confrontos, os mais graves do ano, opõem grupo próximo do bloco liberal a milícia islamista de Misrata. Voos foram suspensos por três dias.
Um balanço feito a meio da tarde pelo ministério da Saúde, numa altura em que a situação estava mais calma, indica que nos mais violentos combates dos últimos meses morreram pelo menos sete pessoas e ficaram feridas 36.
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Um balanço feito a meio da tarde pelo ministério da Saúde, numa altura em que a situação estava mais calma, indica que nos mais violentos combates dos últimos meses morreram pelo menos sete pessoas e ficaram feridas 36.
A capital líbia acordou ao som de explosões e disparos de canhões antiaéreos, contam os jornalistas na cidade. As informações disponíveis dão conta de intensos combates na estrada de ligação ao aeroporto, controlado desde a queda do regime de Muammar Khadafi pelas milícias de Zintan, um dos grupos mais bem organizados e armados do país e que é considerado o braço armado da corrente liberal no Parlamento.
O assalto foi reivindicado pelas milícias de Misrata, compostas por combatentes vindos da cidade a Oeste de Trípoli e vistos como próximos do bloco islamista. “Os rockets começaram a cair cerca das 6h [5h em Portugal continental], disse à AFP uma fonte do aeroporto, segundo a qual os homens de Zintan (cidade nas montanhas a sudoeste de Trípoli) teriam conseguido impedir a entrada dos rivais nas instalações, mas os combates ainda prosseguiam em várias zonas em redor.
Uma televisão local divulgou imagens de dois aviões envoltos em fumo na pista do aeroporto, enquanto combatentes assumiam posições em terrenos próximos. “Todos os voos domésticos e internacionais foram suspensos”, disse à agência um responsável do aeroporto – a AFP adianta que deverá ficar encerrado durante pelo menos dois dias.
Os confrontos entre milícias rivais subiram de tom depois de, em Maio, o antigo general líbio Khalifa Haftar ter lançado, à revelia do Governo, uma ofensiva contra milícias islamistas e grupos jihadistas que ditam a lei em várias cidades do Leste, incluindo Bengasi. As milícias de Zintan anunciaram o seu apoio a Haftar, o que levou as forças de Misrata a prometer limpar os rivais da capital.
Os combates deste domingo, os mais intensos na capital líbia desde que em Novembro 40 pessoas morreram em trocas de tiros entre grupos rivais, acontecem horas antes de ministros de os Negócios Estrangeiros dos países vizinhos se reunirem na Tunísia para discutir formas de ajudar a Líbia a sair do ciclo de caos e violência em que se afunda.
Os Estados Unidos – que em 2011 apoiaram a ofensiva aérea que permitiu aos rebeldes derrotar as forças de Khadafi – ainda no sábado tinham pedido aos dirigentes líbios que acelerassem a tomada de posse do Parlamento saído das eleições de 25 de Junho. “Os EUA estão muito preocupados com a violência na Líbia e com tomadas de posições perigosas que podem conduzir o país para um conflito generalizado”, afirmou o Departamento de Estado.
As eleições foram marcadas para tentar pôr fim à paralisia política em que o país se encontra, mas a votação ficou marcada por uma elevada abstenção e em muitas regiões não se votou por causa da violência. Dezasseis dos 200 lugares no novo Parlamento ficaram por preencher e o facto de as candidaturas terem de ser apresentadas em nome individual não permitiu ainda perceber qual dos blocos saiu vencedor, embora segundo vários os observadores os liberais deverão ficar em maioria.