Papa quer encontrar "soluções" para o celibato na Igreja

Francisco reconhece que este é uma questão problema que, mesmo não sendo urgente nem grave, a Igreja deve discutir.

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O Papa Francisco na oração do Angelus deste domingo Filippo Monteforte/AFP

Foi já a terminar o seu terceiro encontro com Eugenio Scalfari, fundador do jornal e ateu convicto, que Francisco falou sobre um dos temas que, de forma regular, desponta no debate entre católicos, sem que o Vaticano alguma vez tenha aceitado abrir uma discussão.

“O celibato foi estabelecido no século X, 900 anos depois da morte de Cristo e a Igreja católica de rito oriental permite que os seus padres se casem”, recordou o Papa, que já em Maio, no regresso da peregrinação ao Médio Oriente, tinha sublinhado que o celibato obrigatório “não é um dogma de fé” e, por isso, “a porta está sempre aberta” a uma mudança.

Na conversa com Scalfari, que o jornal reproduz neste domingo, Francisco terá ido mais longe: “É certamente um problema, ainda que não seja grande. Precisa de tempo, mas há soluções e eu vou encontrá-las”.

Numa reacção à publicação do artigo, o porta-voz do Vaticano afirma que as "frases atribuídas ao Papa 'entre aspas' resultam da memória do jornalista e não são uma transcrição precisa de uma gravação ou muito menos de uma verificação da parte daquele a quem são atribuídas". O padre Federico Lombardi, que já tinha feito um reparo idêntico aquando da publicação de uma anterior conversa, sublinha que não se tratou "de uma entrevista no sentido habitual do termo", embora assegure que o sentido geral da conversa pode ser retido.

Com as igrejas de vários países ocidentais a enfrentar uma grave crise de vocações e com sinais de aumento no número de padres que abandonam o sacerdócio para se casarem , são muitas as vozes que defendem o fim da obrigatoriedade do celibato e que pedem a Francisco que inclua o tema nas reformas que propõe para a Igreja.

Pela frente têm a oposição de boa parte das chefias católicas e dos sectores mais conservadores, que insistem que só sem as responsabilidades familiares pode um padre dedicar-se plenamente ao serviço da Igreja. Francisco, no regresso do Médio Oriente, descrevia o celibato como “uma regra da vida que muito aprecia” e “uma dádiva à Igreja” por parte parte dos que são ordenados.

Na entrevista ao La Reppublica, o Papa volta também a falar sobre a pedofilia, que descreve como uma “lepra” da sociedade, a que a Igreja não está imune. Revela que os seus assessores lhe mostraram estatísticas de que “a pedofilia dentro da Igreja está ao nível dos 2%”.

“Estes dados deveriam tranquilizar-me, mas não me tranquilizam. Acho-os gravíssimos. Dois por cento de pedófilos são padres e até bispos e cardeais. E muitos outros, ainda mais numerosos, sabem mas condescendem, punem mas não revelam o motivo. Acho esta situação insustentável e é minha intenção confrontá-la com toda a severidade que merece”.
 

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Foi já a terminar o seu terceiro encontro com Eugenio Scalfari, fundador do jornal e ateu convicto, que Francisco falou sobre um dos temas que, de forma regular, desponta no debate entre católicos, sem que o Vaticano alguma vez tenha aceitado abrir uma discussão.

“O celibato foi estabelecido no século X, 900 anos depois da morte de Cristo e a Igreja católica de rito oriental permite que os seus padres se casem”, recordou o Papa, que já em Maio, no regresso da peregrinação ao Médio Oriente, tinha sublinhado que o celibato obrigatório “não é um dogma de fé” e, por isso, “a porta está sempre aberta” a uma mudança.

Na conversa com Scalfari, que o jornal reproduz neste domingo, Francisco terá ido mais longe: “É certamente um problema, ainda que não seja grande. Precisa de tempo, mas há soluções e eu vou encontrá-las”.

Numa reacção à publicação do artigo, o porta-voz do Vaticano afirma que as "frases atribuídas ao Papa 'entre aspas' resultam da memória do jornalista e não são uma transcrição precisa de uma gravação ou muito menos de uma verificação da parte daquele a quem são atribuídas". O padre Federico Lombardi, que já tinha feito um reparo idêntico aquando da publicação de uma anterior conversa, sublinha que não se tratou "de uma entrevista no sentido habitual do termo", embora assegure que o sentido geral da conversa pode ser retido.

Com as igrejas de vários países ocidentais a enfrentar uma grave crise de vocações e com sinais de aumento no número de padres que abandonam o sacerdócio para se casarem , são muitas as vozes que defendem o fim da obrigatoriedade do celibato e que pedem a Francisco que inclua o tema nas reformas que propõe para a Igreja.

Pela frente têm a oposição de boa parte das chefias católicas e dos sectores mais conservadores, que insistem que só sem as responsabilidades familiares pode um padre dedicar-se plenamente ao serviço da Igreja. Francisco, no regresso do Médio Oriente, descrevia o celibato como “uma regra da vida que muito aprecia” e “uma dádiva à Igreja” por parte parte dos que são ordenados.

Na entrevista ao La Reppublica, o Papa volta também a falar sobre a pedofilia, que descreve como uma “lepra” da sociedade, a que a Igreja não está imune. Revela que os seus assessores lhe mostraram estatísticas de que “a pedofilia dentro da Igreja está ao nível dos 2%”.

“Estes dados deveriam tranquilizar-me, mas não me tranquilizam. Acho-os gravíssimos. Dois por cento de pedófilos são padres e até bispos e cardeais. E muitos outros, ainda mais numerosos, sabem mas condescendem, punem mas não revelam o motivo. Acho esta situação insustentável e é minha intenção confrontá-la com toda a severidade que merece”.