Conselho de Segurança da ONU apela ao cessar-fogo em Gaza
Forças israelitas intensificam a sua campanha aérea contra o Hamas. Este sábado atingiram 60 alvos, incluindo uma mesquita. Número de vítimas palestinianas já ultrapassa 130 pessoas, a maior parte civis.
Num comunicado aprovado por unanimidade, o Conselho de Segurança apelou “ao fim da escalada militar, à restauração da calma e ao respeito dos termos do acordo de cessar-fogo de Novembro de 2012”, que pôs fim à última ofensiva aérea de Israel para punir o Hamas.
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Num comunicado aprovado por unanimidade, o Conselho de Segurança apelou “ao fim da escalada militar, à restauração da calma e ao respeito dos termos do acordo de cessar-fogo de Novembro de 2012”, que pôs fim à última ofensiva aérea de Israel para punir o Hamas.
O documento sublinha a importância do compromisso de ambas as partes com a legislação internacional, nomeadamente a relativa às questões humanitárias, e manifesta o apoio à retoma das conversações directas “com o objectivo de obter um acordo de paz alargado, com base numa solução de dois Estados”.
Ausente do texto ficou uma "condenação clara da agressão israelita" sobre Gaza, conforme tinha reclamado o líder da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, quando solicitou a intervenção urgente da ONU para travar a progressão do conflito -- na sua opinião, só o Conselho de Segurança reunia as condições políticas para “impor rapidamente a negociação de um cessar-fogo mútuo”. O assunto será discutido domingo em Viena, entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da China, EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Alemanha, nas negociações sobre o nuclear do Irão.
No terreno, as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificam a campanha de bombardeamentos aéreos contra Gaza, que dura há cinco dias e já matou mais de 133 palestinianos (dos quais 81 civis e 25 crianças). O fogo israelita sobre o enclave governado pelo Hamas atingiu 60 alvos, nomeadamente casas de dirigentes daquele movimento político e da Jihad Islâmica, mas também um centro de reabilitação para deficientes e uma mesquita, que foi completamente destruída.
Entre as 21 vítimas confirmadas da madrugada mais letal da última semana, encontravam-se dois adolescentes, um homem de 65 anos, duas mulheres com deficiência e também dois sobrinhos de Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas na Faixa de Gaza. Os serviços de saúde palestinianos deram ainda conta de mais de 600 feridos assistidos nos hospitais, a maioria não combatentes.
Num dos muros dos escombros, os sobreviventes escrevinharam uma mensagem de desafio para o primeiro-ministro de Israel: “Nunca nos daremos por vencidos apesar da tua arrogância, Netanyahu”. O líder israelita afirmou na sexta-feira que as forças do seu país usarão todo o seu poderio contra o Hamas, apesar da pressão da comunidade internacional para a contenção militar e a negociação política.
O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, repetiu a posição antes transmitida a Netanyahu por Barack Obama. Israel tem “todo o direito” de defender o seu território de ataques, mas face ao risco de uma escalada incontrolável “é necessário que ambos os lados façam todo o possível para proteger civis e restaurar a calma”.
Em declarações à Radio Israel, um oficial das IDF informou que, por causa do recrudescimento do disparo de rockets do lado palestiniano, entrou em funcionamento uma oitava bateria de intercepção de mísseis, uma componente do sistema de defesa Iron Dome. “Tentamos sempre andar um passo à frente do nosso inimigo, e verificamos que as suas capacidades excederam as nossas expectativas”, justificou. Os projécteis do Hamas têm surpreendido a defesa israelita, alcançando distâncias superiores a 100 quilómetros.
Além destas medidas, as tropas israelitas estão a preparar uma eventual incursão por terra – dezenas de tanques israelitas foram conduzidos desde a madrugada de sábado para a fronteira com Gaza, diz a AFP. Se as tropas israelitas ultrapassarem a linha demarcada a arame farpado que isola a Faixa de Gaza, seria a primeira vez desde 2009 que o fariam. Nessa altura, a guerra durou três semanas e resultou na morte de 1400 palestinianos e 13 soldados israelitas. O chefe do Exército israelita, tenente general Benny Gantz, garantiu à Reuters que as suas forças estão em posição e prontas para agir assim que vier a luz verde do Governo.
Este sábado, o Egipto – que descartou até agora assumir qualquer papel de intermediação do conflito – abriu pela primeira vez o corredor de Rafah até Gaza, para permitir o transporte de ambulâncias e a distribuição de 500 toneladas de bens alimentares e material médico, num apoio humanitário à população palestiniana.