Vencer os invencíveis para restaurar o orgulho ferido

Brasil e Holanda procuram alcançar o “indesejado” último lugar do pódio do Mundial.

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Luiz Felipe Scolari durante a sessão de treino de sexta-feira, em Teresópolis Vanderlei Almeida/AFP

A história diz que neste sábado veremos muitos golos. Se tantos como os oito registados no massacre germânico no Mineirão, é impossível de prever, mas é improvável que o marcador final no Mané Garrincha fique em branco, como na meia-final entre holandeses e argentinos. Afinal, nenhuma partida teve menos do que três golos desde da vitória da Polónia sobre o Brasil por 1-0 em 1974 (único quarto lugar dos anfitriões em Campeonatos do Mundo).

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A história diz que neste sábado veremos muitos golos. Se tantos como os oito registados no massacre germânico no Mineirão, é impossível de prever, mas é improvável que o marcador final no Mané Garrincha fique em branco, como na meia-final entre holandeses e argentinos. Afinal, nenhuma partida teve menos do que três golos desde da vitória da Polónia sobre o Brasil por 1-0 em 1974 (único quarto lugar dos anfitriões em Campeonatos do Mundo).

Por isso mesmo, o jogo que antecede a final da “Copa”, por mais debate que suscite sobre a seriedade com que as equipas o abordam, tem tradição de ser uma partida de futebol ofensivo e uma grande oportunidade para os jogadores em perseguição da Bota de Ouro somarem mais uns golos ao seu registo pessoal. Assim foi com Salvatore Schillaci (1990), Davor Suker (1998) e Thomas Müller (2010), mas, este ano, dificilmente um holandês ou brasileiro sairá do Brasil com essa distinção.

Neymar é baixa confirmada para o último encontro do “escrete” e sai da competição com quatro golos, ao passo que, no ataque holandês, o voo de Van Persie frente à Espanha foi o mais alto do avançado na sua discreta campanha (três golos, os mesmos que Arjen Robben).

Com uma equipa jovem e renovada, Louis Van Gaal chegou a Gávea, no Rio de Janeiro, sabendo que pela frente teria um dos mais difíceis grupos do Mundial, com Espanha, Chile e Austrália. O 5-1 aos campeões do mundo na primeira jornada chocou o mundo e alimentou o sonho do carrossel holandês, montado num 3x5x2 que conquistou fãs e deu que falar neste Mundial.

Depois de Tim Krul ter saltado do banco para ser herói no tira-teimas dos penáltis com a Costa Rica, Cillessen foi incapaz de repetir a proeza do colega nas meias-finais com a Argentina.

“É irritante. É melhor perder por 7-1, porque aí sabe-se claramente que se perdeu. Ficar fora da final através de penáltis sem ter sido derrotado é o pior que pode acontecer”, desabafou Van Gaal ontem à tarde, ao comparar a eliminação da Holanda com a goleada imposta pela Alemanha ao Brasil.

Fora do palco de todas as decisões, será no Mané Garrincha que a “Laranja Mecânica” procurará sair do Brasil com um recorde: ser a primeira Holanda a terminar um Mundial sem derrotas, nação que o melhor que conseguiu foi ser finalista da prova com o seu “futebol total” de 1974 e 1978 e com a geração de 2010.

“O que retenho da meia-final é que não perdemos e isso é que é duro. Vamos fazer tudo para terminarmos a nossa participação em terceiro lugar. Queremos deixar o torneio invictos, um feito que nenhuma selecção holandesa conseguiu até este sábado. O Brasil não vai ter uma tarefa fácil. Eu disse desde o início da prova que a Holanda era a equipa mais difícil de bater e os factos dão-me razão”, acrescentou.

O embate será o jogo de despedida do técnico holandês antes de partir para o Manchester United e ser substituído por Guus Hiddink, seleccionador que terá o antigo avançado dos “red devils” Van Nisterlrooy como adjunto.
Será a segunda vez na história que a Holanda disputará o jogo do terceiro e quarto lugares de um Campeonato do Mundo. Em 1998, foram surpreendidos pelos croatas liderados por Davor Suker e acabaram mesmo por falhar a medalha de bronze.

“Um sonho mais pequeno”
Se, por um lado, Van Gaal considera que o “pior de tudo” é o risco de a história se repetir e, desta vez, “perder duas vezes seguidas sem ser derrotado”, dois desaires consecutivos seria um abalo difícil de suportar para o povo brasileiro que, ao contrário dos holandeses, desde o início apontavam para o “hexa”.

Por estes dias, Luiz Felipe Scolari é o homem mais criticado no Brasil depois do “Mineiraço” que virou a nação futebolística do avesso. “Sei que a minha carreira vai ficar marcada por esta derrota mas temos a obrigação de seguir em frente e pensar no próximo objectivo: alcançar o terceiro lugar”, explicou Felipão, citado pelo site da FIFA.

O Brasil até começou a competição com bons indicadores, com vitórias folgadas frente à Croácia e Camarões, mas o empate frente ao México e o choro convulsivo nos penáltis com o Chile levantaram as primeiras dúvidas sobre o verdadeiro valor da “canarinha”. Dúvidas, essas, que se tornaram certezas após a desastrosa exibição nas meias-finais.

Por isso mesmo, o seleccionador dos anfitriões deverá aproveitar a oportunidade para lavar a cara ao “escrete” e começar a fazer as pazes com os adeptos. “É um sonho mais pequeno do que aquele que pretendíamos, porém temos que honrar a camisola da selecção nacional”, referiu.

O regresso do capitão Thiago Silva é uma certeza e a inclusão de Jô na frente de ataque, no lugar do também muito contestado Fred, e de Willian, em vez de Hulk, são algumas das restantes alterações esperadas no “onze” brasileiro, também à procura de desforrar-se da derrota de há quatro anos, com os holandeses.

No Mundial da África do Sul, dois golos de Sneijder contra um de Robinho deram a vitória à Holanda, num jogo marcado pela desastrosa exibição de Felipe Melo, que apontou um autogolo e foi expulso com um vermelho directo. Texto editado por Nuno Sousa