Curdos suspendem participação no Governo de Maliki e tomam campos de petróleo
Divisões internas no Iraque aprofundam-se, dois dias antes de o Parlamento se reunir para tentar escolher novo primeiro-ministro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros curdo, Hoshiyar Zebari, explicou à Reuters que os outros elementos curdos do executivo deixariam de participar nas actividades governativas diárias, que incluem não só o seu ministério como os do Comércio, da Imigração, e da Saúde.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros curdo, Hoshiyar Zebari, explicou à Reuters que os outros elementos curdos do executivo deixariam de participar nas actividades governativas diárias, que incluem não só o seu ministério como os do Comércio, da Imigração, e da Saúde.
Mas os deputados curdos deverão continuar a apresentar-se no Parlamento, que deverá realizar a segunda sessão da legislatura resultante das eleições de 30 de Abril no domingo, após uma caótica reunião a 1 de Julho. O objectivo é vir a escolher um primeiro-ministro e um novo governo, num momento em que o país está ameaçado de fragmentação por causa da rebelião sunita que avança rumo a Bagdad com o Estado Islâmico, que controla uma grande faixa de território na Síria e no Iraque.
Maliki não abre mão de se apresentar para um terceiro mandato, porque a sua coligação xiita ganhou as eleições, mas a sua candidatura é rejeitada por todas as outras facções políticas e religiosas.
Este não é o primeiro sinal de tensão do primeiro-ministro Maliki com os curdos, que anunciaram a intenção de fazer um referendo sobre a independência. Têm uma região autónoma no Nordeste do Iraque, rica em petróleo e com capital em Erbil, e aproveitaram-se da retirada das forças governamentais face ao avanço dos rebeldes sunitas para assumirem o controlo da disputada Kirkuk, que consideram a sua capital histórica.
Aliás, nesta sexta-feira surgiram notícias contraditórias de que os peshmergas (forças de segurança) curdos se apoderaram de dois campos petrolíferos, em Kirkuk e Bey Hassan, que têm uma produção diária combinada de 400 mil barris de petróleo.
O Ministério do Petróleo de Bagdad “condenou fortemente” a tomada destes campos, enquanto Erbil negou que os peshmergas se tivessem sequer aproximado destes poços de petróleo. Mas a Reuters falou, sob anonimato, com uma “fonte importante” no governo regional do Curdistão, que adiantou que as forças curdas assumiram o controlo dos campos petrolíferos para os protegerem, “por terem sabido que responsáveis do Ministério do Petróleo iraquiano pretendiam sabotá-los”.