Passos garante que depositantes podem ter “toda a confiança” no BES

Primeiro-ministro fez questão de defender publicamente a posição do banco, deixando uma mensagem de tranquilidade aos clientes e ao mercado. Mas avisou que o Grupo Espírito Santo tem de resolver os seus problemas rapidamente para não contaminar a economia nacional.

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Pedro Passos Coelho Daniel Rocha

À entrada para o Palácio da Ajuda, em Lisboa, onde participa no Conselho de Concertação Territorial, Pedro Passos Coelho fez questão de se dirigir aos jornalistas para deixar uma mensagem de tranquilidade aos clientes daquela instituição bancária, mas também para o resto do mercado, sublinhando que não considera necessária uma intervenção do Estado no BES.

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À entrada para o Palácio da Ajuda, em Lisboa, onde participa no Conselho de Concertação Territorial, Pedro Passos Coelho fez questão de se dirigir aos jornalistas para deixar uma mensagem de tranquilidade aos clientes daquela instituição bancária, mas também para o resto do mercado, sublinhando que não considera necessária uma intervenção do Estado no BES.

Depois de ontem à noite o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, ter afirmado que as “dúvidas” sobre o Grupo Espírito Santo já estavam esclarecidas, o governante classificou hoje de “importante” que o banco tenha divulgado perante o mercado a “situação de exposição do BES ao Grupo Espírito Santo” e fez questão de vincar a diferença entre as duas entidades.

“É de sublinhar que uma coisa são os negócios que a família Espírito Santo tem, outra coisa é o banco. E é muito importante que quer os agentes portugueses, os residentes, quer os investidores externos consigam não apenas perceber bem esta diferença, como estar tranquilos relativamente à situação do banco.”

Passos Coelho lembrou que “existe uma situação de capitais próprios do banco e de almofada financeira suficiente – mais do que suficiente – para poder acomodar toda a exposição que o banco tem ao grupo”. Assim, em caso de necessidade, a instituição poderá assegurar os depósitos dos seus clientes. Por isso, garante que não existe “nenhuma razão para pôr minimamente em dúvida a tranquilidade” do sistema financeiro e bancário.

Apesar de toda a “confiança” e “tranquilidade” em relação ao banco e ao sistema financeiro português que não se cansou de enfatizar, Passos Coelho deixou um recado directo ao Grupo Espírito Santo para que resolva os seus problemas rapidamente.

“Julgo que era importante para todos que tão rápido quanto possível o grupo organizasse junto dos seus credores as negociações que são necessárias para que, de uma forma ordenada, eventuais incumprimentos do grupo venham a não ter impacto relevante em termos macroeconómicos e possam ser minimizados numa base de negociação”, aconselhou o primeiro-ministro.

Vincou ainda que essa é uma matéria que “não diz respeito directamente ao Governo nem ao Estado” e que por isso não lhes compete intervir, mas a resolução do problema do Grupo Espírito Santo “da forma mais ordenada e mais expedita possível” é de “relevância para toda a economia” portuguesa.

O primeiro-ministro não encontra razões para a intervenção do Estado no BES, porque este tem uma “situação de capital sólida”. Caso isso se afigure absolutamente incontornável, Passos Coelho diz que o dinheiro facultado pela troika para o sistema bancário continua de reserva, disponível para ser usado, mas que preferia utilizá-lo “em outras circunstâncias bem mais interessantes para o país”.

Esta sexta-feira, através de um comunicado, o Banco de Portugal esclarece que “o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor”.

A mesma nota refere que “não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, pelo que os seus depositantes podem estar tranquilos”.