Pode esta salada de batata valer milhares de euros?

Norte-americano lançou campanha de “crowdfunding” no Kickstarter onde promete fazer salada de batata. Pediu cerca de sete euros mas já angariou mais de 32 mil, em apenas sete dias

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Esta é a fotografia da salada de batata DR

“I’m making potato salad” — “Vou fazer salada de batata” — é como Zack Danger Brown descreve a campanha de crowdfunding que lançou na plataforma Kickstarter a 3 de Julho. O valor pedido inicialmente é de dez dólares (7,35 euros — afinal, é para fazer um simples prato de comida), mas em apenas sete dias Brown já angariou o equivalente a mais de 32 mil euros. Muito pouco desenvolvida quando comparada com outras campanhas do mesmo género — não tem vídeo, só apresenta uma imagem (e fraca) e a descrição é mínima, sem plano de negócios —, não passou despercebida.

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“I’m making potato salad” — “Vou fazer salada de batata” — é como Zack Danger Brown descreve a campanha de crowdfunding que lançou na plataforma Kickstarter a 3 de Julho. O valor pedido inicialmente é de dez dólares (7,35 euros — afinal, é para fazer um simples prato de comida), mas em apenas sete dias Brown já angariou o equivalente a mais de 32 mil euros. Muito pouco desenvolvida quando comparada com outras campanhas do mesmo género — não tem vídeo, só apresenta uma imagem (e fraca) e a descrição é mínima, sem plano de negócios —, não passou despercebida.

O jovem de 31 anos, que vive em Columbus, Ohio (EUA), recebeu donativos de mais de 5 300 pessoas, 93 das quais contribuíram com 50 dólares (cerca de 36 euros) ou mais. Desde o lançamento da campanha que Brown tem feito várias actualizações à mesma. Se no início apenas se comprometeu a fazer uma salada de batata — e nem sabia que tipo de receita escolher —, agora já está prometida uma “festa da salada de batata gigante” e outro tipo de presentes para quem contribuir com quantias maiores de dinheiro, como “t-shirts”, livros de culinária e chapéus. 

Vista como uma forma de criticar este tipo de campanhas, a ideia do jovem norte-americano tem feito rir muitos dos que contribuíram. “Dependendo do sentido de humor de cada um, a natureza despretensiosa e descarada do plano — a sua estranha simplicidade — é simplesmente engraçada”, escreve a “The New Yorker”. O autor do texto “O tipo da salada de batata deve ficar com cada cêntimo” sublinha o facto de as contribuições que as pessoas já fizeram não dizerem respeito a “uma realização futura”, mas sim a uma prenda pela ideia existente, que espalhou “alegria” pela Internet.

Uma campanha com estas características põe em causa o tipo de selecção que plataformas de “crowdfunding” como o Kickstarter (que até há pouco tempo era conhecida por vetar várias propostas) fazem na hora de aceitar novos projectos. Um artigo da “Slate” recorda pontos do regulamento do site quando sugere que Brown faça uma doação a uma instituição de solidariedade. Isto porque, quando uma campanha alcança um financiamento muito superior ao pretendido, os seus criadores podem seguir com o projecto “para além do Kickstarter”.

Há ainda notícias sobre o carácter insólito da campanha: dos impostos que Zack Danger Brown terá de pagar assim que receber o dinheiro, por exemplo, ao registo de uma diminuição de 30 mil dólares no valor angariado, de um dia para o outro. Susie Poppik, da “Time”, escreveu num breve artigo de 9 de Julho, que Brown já estaria com 70 mil dólares, um número que não corresponde ao da campanha. Um dos comentários na página da mesma, salientava isso mesmo: “Para onde é que despareceram 30 mil dólares? Esta manhã o total era 70 mil dólares!”.

Na parte da descrição da campanha dedicada aos riscos e desafios, Brown prefere não enganar os possíveis investidores, ainda que muitos não pareçam preocupados com isso. “Pode não ser muito boa. É a minha primeira salada de batata”, admite.