Israel e Gaza numa espiral de violência
O sangue atrai o sangue, a vingança reclama vingança: Israel e Gaza entraram em fase de pré-guerra.
A violência entre Israel e o Hamas entrou numa espiral incontrolável, como aliás devia ser esperado depois da sucessão de crimes: os três jovens israelitas assassinados a tiro, o jovem palestiniano queimado vivo e o que se seguiu de lado a lado: promessas duras de vingança, agravadas pelas facções mais radicais, e disparos cruzados, rockets do lado do Hamas e bombas do lado de Israel. Do ponto de vista militar, Israel leva, como sempre, a dianteira: as bombas lançadas do seu lado são mais “eficazes” na destruição, enquanto os rockets disparados pelo Hamas, embora cheguem cada vez mais longe (perto de Telavive ou Jerusalém), caem em descampados ou são interceptados pelo sistema de protecção anti-rockets e antimísseis israelita antes de produzirem qualquer dano.
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A violência entre Israel e o Hamas entrou numa espiral incontrolável, como aliás devia ser esperado depois da sucessão de crimes: os três jovens israelitas assassinados a tiro, o jovem palestiniano queimado vivo e o que se seguiu de lado a lado: promessas duras de vingança, agravadas pelas facções mais radicais, e disparos cruzados, rockets do lado do Hamas e bombas do lado de Israel. Do ponto de vista militar, Israel leva, como sempre, a dianteira: as bombas lançadas do seu lado são mais “eficazes” na destruição, enquanto os rockets disparados pelo Hamas, embora cheguem cada vez mais longe (perto de Telavive ou Jerusalém), caem em descampados ou são interceptados pelo sistema de protecção anti-rockets e antimísseis israelita antes de produzirem qualquer dano.
Isto não significa, porém, que o que agora começou termine com brevidade. Há um longo historial de morte e dor que atravessa os dois lados e que é suficiente, por si só, para manter vivo o espírito de retaliações contínuas e semear vítimas entre as populações, atingindo certamente civis. No meio disto, foram reduzidas a pó, pela enésima vez, as tentativas de uma reaproximação negocial entre palestinianos e israelitas. Se elas já tinham sido gravemente feridas com o acordo Fatah-Hamas (Israel recusa-se a negociar com o Hamas porque este se recusa a reconhecer o estado judaico), receberam agora, com o renascer da violência em alta escala, um golpe mortal e sem misericórdia.
Os Estados Unidos perderam, mais uma vez, a hipótese de virem a surgir numa foto histórica que consolidaria a paz entre os irmãos desavindos, precisamente porque estes resistem, invocando todos os pretextos, a um entendimento. E o Hamas, numa situação de desespero (menor apoio interno e externo, problemas logísticos e falta de dinheiro), terá interesse em manter Gaza em estado de guerra para iludir as suas dificuldades. O que aí vem, sem mediador que lhe valha, é pois mais violência e morte. Outra vez.