Outeiro é a primeira aldeia portuguesa a ter uma basílica
A ideia de elevar a igreja de Outeiro a basílica menor já tem cerca de 30 anos.
O processo de candidatura foi entregue para apreciação há pouco mais de um ano, por ocasião da celebração dos 300 anos da dedicação daquele templo.
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O processo de candidatura foi entregue para apreciação há pouco mais de um ano, por ocasião da celebração dos 300 anos da dedicação daquele templo.
O bispo da diocese nordestina admite que esta elevação será "importante" não só ao nível religioso mas, também, para a divulgação do património arquitectónico da região. “Há algumas igrejas que, pela sua importância, manifestam a presença de Deus no meio do seu povo e se destacam pela sua arquitectura, pela sua veneração especial por parte dos fiéis, importância histórica ou a beleza artística da arquitectura ou decoração e que se constituem centro de actividades litúrgicas e pastorais de assinalável relevo, sendo, por isso, reconhecidas com este título”, explicou ao PÚBLICO D. José Cordeiro.
De acordo com o prelado, este título agora atribuído à igreja-santuário de Outeiro ajuda “a vincular mais a relação com a igreja universal e a ter, também, maior credibilidade para exercer a sua actividade pastoral e litúrgica”.
No uso cristão, a basílica é um edifício sagrado, sendo que se dividem em duas categorias: As basílicas maiores (as papais, que são quatro, e são elas a de S. Pedro, a de São Paulo Fora-de-Muros, a de S. João de Latrão e a de Santa Maria Maior) e as basílicas menores.
Em Portugal, entre outras, existem a Basílica de Fátima, a da Estrela (Lisboa) e, recentemente, a nova igreja da Santíssima Trindade, também em Fátima.
A ideia de elevar a igreja de Outeiro a basílica menor já tem cerca de 30 anos. Nasceu em 1983. “Houve o desejo de tornar esta igreja magnífica em santuário diocesano ou basílica. Em 2013, quando celebrámos ali os 300 anos da dedicação, o desejo veio ao de cima e, pouco depois, iniciámos o processo que agora se conclui”, adiantou o bispo.
Com o título agora atribuído, e cujo decreto será, então, lido publicamente no sábado, no próprio templo, esta passa a ser a primeira basílica da diocese de Bragança-Miranda, a primeira em Portugal que se situa numa aldeia.
O facto de passar a ser uma basílica menor ajuda a uma maior promoção do património e, “sobretudo, ajuda à sua transformação num centro de acção pastoral e litúrgica”, frisa D. José Cordeiro.
A construção da igreja do Santo Cristo de Outeiro remonta ao final do século XVII. De acordo com a tradição e algumas gravações em pedra que ali se encontram, no dia 26 de Abril de 1698, numa capela de Outeiro, o Santo Cristo suou sangue. “Este milagre conheceu rápida divulgação e muita devoção e por isso, ainda nesse ano, foi lançada a primeira pedra para a construção do santuário”, explicou o bispo diocesano. No ano passado, durante a celebração que assinalou os 300 anos da dedicação do santuário, o templo já tinha recebido, inclusivamente, uma bênção apostólica enviada pelo Papa Francisco ao reitor e peregrinos do Santuário.
A igreja foi aberta ao culto em 1713, no dia 3 de Maio. Contudo o templo só foi concluído em 1739 mas, nessa altura, já o local se tinha tornado um importante local de peregrinação.
D. José Cordeiro considera esta igreja “o expoente máximo da construção religiosa” no concelho de Bragança. A igreja é um dos imóveis com maior valor arquitectónico do distrito, considerado mesmo Monumento Nacional desde 1927.
A proposta de elevação a Basílica foi lançada pela diocese de Bragança-Miranda, pela Câmara Municipal e pela Direção Regional de Cultura do Norte. Este processo para a classificação entregue à Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos por D. José Cordeiro surge no decurso de um desafio anteriormente lançado por D. António Rafael, actual bispo emérito, que muitas vezes se referia a esta igreja como “Basílica de Santo Cristo de Outeiro”.
E por causa disso, há dois anos a igreja foi alvo de obras que permitiram a substituição da cobertura e a requalificação de todo o imóvel, bem como a adaptação do espaço de culto, de modo a corresponder às exigências da Congregação.
A celebração solene da promulgação do título só ocorrerá a 8 de Novembro, durante as celebrações dos 500 anos do segundo foral de Outeiro.