Da chuva de golos de 1954 ao último sopro do futebol total

Com a “Copa” do Brasil a caminhar para o seu desfecho, Miguel Lourenço Pereira lança o convite para uma viagem ao passado com Sonhos Dourados – 20 Mundiais, 20 Histórias.

Foto
Selecção da Dinamarca no Mundial de 1986 DR

Durante aquele mês de Junho, resultados de 5-0, 9-0, 8-3, 7-0, 7-2 ou 4-4 repetiram-se com a maior das naturalidades. Era o saciar da fome de golos provocada pelo “Mundial que nunca existiu”. Uma geração de grandes jogadores e promessas “morreu” na II Guerra Mundial e, até 1954, a nata do futebol europeu esteve fora-de-jogo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Durante aquele mês de Junho, resultados de 5-0, 9-0, 8-3, 7-0, 7-2 ou 4-4 repetiram-se com a maior das naturalidades. Era o saciar da fome de golos provocada pelo “Mundial que nunca existiu”. Uma geração de grandes jogadores e promessas “morreu” na II Guerra Mundial e, até 1954, a nata do futebol europeu esteve fora-de-jogo.

Este é apenas um dos contos que Miguel Lourenço Pereira explora em Sonhos Dourados – 20 Mundiais, 20 Histórias, um livro que, como explica ao PÚBLICO, procura ser um “produto diferente das histórias contadas pelos outros autores”.

Esta é a mais recente publicação do autor depois de Noites Europeias – uma história das competições europeias de clubes (1897-2013), lançado a Novembro de 2013. Desta vez, “a ideia passou por contar histórias alternativas que, apesar de relativamente conhecidas, hoje em dia estão longe de ter a importância de outras".

A viagem ao passado do beautiful game, através dos seus maiores protagonistas, nem sempre foi fácil. Miguel Lourenço Pereira reuniu uma lista de cinco a 10 episódios por Mundial e, na altura de escolher o que seria publicado, o principal critério foi a “harmonia”: não há mais de dois textos por nação, todos os continentes estão representados, bem como colectivos e individualidades.

“Queria contar uma história sobre futebol africano e então decidi escolher o Mundial de 1982 que, por ter sido o último em que nenhuma selecção de África conseguiu qualificar-se para a segunda ronda, marcou o início de um novo ciclo. Já no Mundial de 1986, quando toda a gente conta a de Maradona, procurei antes explorar a fantástica geração da equipa da Dinamarca dessa época", exemplifica o autor.

O futebol total da “Dinamite Vermelha” de Preben Elkjaer, Michael Laudrup ou dos irmãos Olsen, é inclusive um dos episódios de eleição de Miguel Lourenço Pereira, juntamente com a história de John Sousa, o primeiro herói luso na história dos Mundiais e que nunca vestiu a camisola das “Quinas”, e o capítulo de Itália 1990, “uma singela homenagem a Maradona, num estilo de escrita mais pessoal”.

A obra das edições “Amor à Camisola” está nas bancas desde o mês de Maio e o balanço “tem sido positivo”. “Não há cultura literária de livros futebolísticos em Portugal como há em Inglaterra e o livro visa explorar esse mercado e oferecer às pessoas livros do género em português”, considera.

Para o início de 2015, Miguel Lourenço Pereira promete novos projectos: uma biografia sobre uma personalidade histórica do futebol português deverá ser lançada, bem como um livro que promete ser mais do que uma mera história factual da evolução do jogo em Portugal. Texto editado por Nuno Sousa