Jasper Cillessen não é Tim Krul
Argentina afastou a Holanda nas grandes penalidades e estará na final do Maracanã.
Depois da epopeia de futebol e loucura que foi a meia-final entre Brasil e Alemanha, o adversário da Mannschaft na final do Maracanã emergiu de um jogo que serviu para devolver a tranquilidade aos corações ainda agitados da véspera. Holanda e Argentina tiraram duas horas de vida ao planeta sem darem nada em troca: o tempo regulamentar e o prolongamento foram um deserto de golos, jogadas emocionantes ou defesas espectaculares. Estiveram em campo duas equipas burocráticas, sem pingo de ousadia. Nos penáltis, sem o milagreiro Tim Krul, a Holanda fraquejou. Se o corpulento Krul tinha conseguido fazer bullying com os costa-riquenhos, o delgado Cillessen não teve argumentos para os argentinos. O derradeiro penálti, de Maxi Rodríguez, teve requintes de maldade: o guarda-redes adivinhou a direcção do remate, tocou na bola, mas esta ia com tanta força que não conseguiu segurá-la.
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Depois da epopeia de futebol e loucura que foi a meia-final entre Brasil e Alemanha, o adversário da Mannschaft na final do Maracanã emergiu de um jogo que serviu para devolver a tranquilidade aos corações ainda agitados da véspera. Holanda e Argentina tiraram duas horas de vida ao planeta sem darem nada em troca: o tempo regulamentar e o prolongamento foram um deserto de golos, jogadas emocionantes ou defesas espectaculares. Estiveram em campo duas equipas burocráticas, sem pingo de ousadia. Nos penáltis, sem o milagreiro Tim Krul, a Holanda fraquejou. Se o corpulento Krul tinha conseguido fazer bullying com os costa-riquenhos, o delgado Cillessen não teve argumentos para os argentinos. O derradeiro penálti, de Maxi Rodríguez, teve requintes de maldade: o guarda-redes adivinhou a direcção do remate, tocou na bola, mas esta ia com tanta força que não conseguiu segurá-la.
Tendo assistido ao desastre do Brasil, em Belo Horizonte, as duas equipas entraram em campo determinadas a não sofrerem um vexame semelhante. Donde resultou que durante largos períodos de tempo assistiu-se no Itaquerão a algo parecido com um “jogo do sisudo”: argentinos e holandeses olhavam-se fixamente nos olhos, à espera de um sinal de fraqueza do adversário do qual pudessem tirar partido. Uma postura naturalmente calculista, tendo em conta que estava em causa um lugar na final do Campeonato do Mundo. E que ficou reflectida no posicionamento das duas equipas em campo, nomeadamente na solidão dos seus avançados. Com as equipas mais concentradas em salvaguardar a própria baliza, tanto Higuaín como Van Persie nunca tiveram apoio suficiente. No fim do tempo regulamentar o número de remates enquadrados com a baliza era escandaloso, tendo em conta os nomes presentes em campo: zero para a Holanda e dois para a Argentina. Um livre de Messi que Cillessen defendeu (15’) e um corte providencial de Mascherano, quando Robben surgia em excelente posição (90’+1’) foi o melhor que se viu.
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O prolongamento nada trouxe de novo: o calculismo atingia níveis ainda mais extremos, com o pensamento de ambas as equipas centrado nas grandes penalidades. Ainda assim, era a Argentina a equipa que parecia disposta a arriscar mais. E só não evitou os penáltis porque Palacio, isolado, cabeceou de forma frouxa para as mãos do guarda-redes holandês (115’).
Van Gaal tinha um grande problema para as grandes penalidades, porque já tendo usado as três substituições não podia colocar Krul em campo. Cillessen tentou o seu melhor, mas para os argentinos era como se não estivesse ninguém na baliza: Messi, Garay, “Kun” Agüero e Maxi Rodríguez converteram com sucesso os respectivos penáltis. Já Romero, guardião pouco seguro e alvo de críticas, brilhou ao travar os remates de Vlaar e Sneijder. Trinta e seis anos depois de terem levado a melhor sobre a Holanda, na final do Mundial 1978, os argentinos voltaram a cantar vitória.
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