Mario Vargas Llosa recebe doutoramento Honoris Causa pela Universidade Nova

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Mario Vargas Llosa em Outubro de 2010 quando lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura REUTERS/Shannon Stapleton

“A atribuição do título justifica-se pela relevância da obra no contexto da literatura ibero-americana, reconhecida, em 1994, pelo Prémio Cervantes, e, num plano mundial, pelo Nobel da Literatura, recebido em 2010”, e pelo facto de a estas distinções se juntarem ainda os prémios PEN/Nabokov, Príncipe das Astúrias e Grinzane Cavour, afirma em comunicado a Casa da América Latina (CAL).

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“A atribuição do título justifica-se pela relevância da obra no contexto da literatura ibero-americana, reconhecida, em 1994, pelo Prémio Cervantes, e, num plano mundial, pelo Nobel da Literatura, recebido em 2010”, e pelo facto de a estas distinções se juntarem ainda os prémios PEN/Nabokov, Príncipe das Astúrias e Grinzane Cavour, afirma em comunicado a Casa da América Latina (CAL).

A proposta de doutoramento Honoris Causa foi apresentada pelo escritor Nuno Júdice, docente do Departamento de Línguas, Culturas e Literaturas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas daquela universidade, segundo o qual, os romances de Llosa “são imprescindíveis para conhecermos a História do continente sul-americano”, lê-se no mesmo comunicado.

“Tendo como cenário, nos primeiros romances, o Peru e o espaço social em que decorre a primeira fase da sua vida, tratando questões ligadas à iniciação e maturação do homem, Vargas Llosa criou personagens que ficam inscritas na História literária dos séculos XX e XXI”, afirma, no mesmo comunicado, Nuno Júdice.

Nuno Júdice realça que Vargas Llosa “vai além da sua pátria, a que sempre se dedicou, nomeadamente quando, num momento difícil, foi candidato à Presidência do Peru”, acrescentando que “os romances do escritor são imprescindíveis para conhecermos a História do continente sul-americano, os seus conflitos e a sua sociedade”.
Como exemplo, Júdice destaca As guerras do fim do mundo e O sonho celta, entre outras “obras que o afirmaram na transformação da linguagem romanesca do século XX, ao lado de García Márquez”.

No romance As guerras do fim do mundo (1981) “descreve a guerra dos Canudos no Brasil” e, no seu penúltimo romance, O sonho do Celta (2010), “traça um retrato impiedoso da colonização europeia da África negra”.
A cerimónia de doutoramento Honoris Causa, que conta com o apoio da CAL, realiza-se no dia 22, às 18h, no Auditório da Reitoria da Universidade Nova, no campus de Campolide, em Lisboa.

O doutoramento Honoris Causa da universidade portuguesa vai juntar-se a outros que o autor de A Tia Júlia e o Escrevedor tem recebido ao longo da sua carreira de várias universidades, entre elas a de Yale, em 1994, a Universidade de Israel, em 1998, de Harvard, no ano seguinte, a de Lima, em 2001, a de Oxford, em 2003, a Universidade Europeia de Madrid, em 2005, e a da Sorbonne, em Paris, em 2005.

Segundo a CAL, Mario Vargas Llosa “é conhecido pela sua crítica à hierarquia de castas sociais e raciais vigente ainda hoje no Peru e na América Latina”.
“Docente universitário e político, Vargas Llosa é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do mundo”, remata a mesma instituição.

Autor de mais de uma dezena de romances, o mais recente editado no ano passado, O Herói Discreto, Vargas Llosa é também autor de peças de teatro, nomeadamente A menina de Tacna, e de obras de ensaio, como A Civilização do espetáculo, editada em 2012.

Entre outras condecorações estrangeiras, o governo francês distinguiu o escritor com a Medalha de Honra, em 1985, e, em Fevereiro de 2011, o rei Juan de Carlos de Espanha nobilitou-o com o título hereditário de Marquês de Vargas Llosa.

Vargas Llosa obteve a nacionalidade espanhola em Março de 1993, sem nunca renunciar à peruana, como destaca o Instituto Cervantes.