Centros de investigação de Coimbra sem financiamento temem fim das unidades

Foto
Prémio da Ciência Viva foi ganho por escola de Tavira Público/ Arquivo

Ao todo, nove centros de investigação da Universidade de Coimbra (UC) perderam financiamento e sete unidades receberam a nota de "bom", de um total de 41 centros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ao todo, nove centros de investigação da Universidade de Coimbra (UC) perderam financiamento e sete unidades receberam a nota de "bom", de um total de 41 centros.

"Ficámos em estado de choque", conta à agência Lusa Constança Providência, coordenadora do Centro de Física da UC, uma das 71 instituições que tiveram classificação inferior a "bom" a nível nacional e que não vão receber financiamento por parte da FCT, de um total de 322 que se candidataram em 2013 a fundos públicos.

O centro resulta da "fusão de duas unidades, que tinham tido a classificação de muito bom", e tinha vindo a melhorar "a produção científica", explica Constança Providência, salientando que são usados "argumentos errados" na avaliação, em que receberam a nota de "suficiente".

A classificação, para além de pressupor o fim de apoio, leva a que a instituição tenha dificuldades em conseguir outras fontes de financiamento ou a candidatar-se a projectos europeus, aclarou.

Segundo a coordenadora do centro, "se não há dinheiro para financiar todas as unidades, que se financiem as que a FCT quer financiar, mas não pode associar uma nota a um financiamento. Isso não é justo".
Caso o centro tivesse tido a nota de "bom", receberia "20 mil euros, que é o mesmo que não dar nada", sublinhou, sendo que há 83 instituições com essa classificação.

"Todas as pessoas que não têm uma ligação permanente ao centro vão sair. E esse é o sangue novo. E sem sangue novo o centro morre. Acabou-se", disse.

Amílcar Falcão, vice-reitor da UC, afirmou que a instituição irá contestar a avaliação de "algumas das unidades não financiadas". Para Amílcar Falcão, "não se fala de extinção de centros, mas de reorganização" das unidades.

A UC "teve uma boa classificação no seu geral, mas houve coisas que não correram bem" no processo de classificação e "parte dos centros não teve uma avaliação correta", explanou, garantindo que a UC vai procurar que o processo seja "rectificado".

O vice-reitor considera que o que o preocupa mais não é o financiamento em si, mas a classificação, que pode "criar dificuldades na candidatura a outros projectos", porque as unidades irão "com argumentos mais fracos".

O vice-reitor afirmou que a UC pode apoiar as unidades, através de um reforço de parcerias com "entidades privadas ou com a sociedade civil".

Valdemar Santos, coordenador do Centro de Engenharia Mecânica da UC (CEMUC), que teve "suficiente" depois de três avaliações com "excelente", considera que o fim do apoio, para além de afectar "os doutoramentos e a investigação", vai prejudicar os "alunos de mestrado", que "deixam de ter meios para fazer a tese nos laboratórios" do CEMUC, aclarou.

Apesar de informar que o centro vai recorrer da avaliação, o coordenador considera que a "audiência é uma questão formal", visto que já tinha sido feita "uma refutação em relatórios preliminares e a avaliação final não teve em conta essa refutação".

"O financiamento da FCT era um quinto do orçamento total [do CEMUC], mas sem financiamento base vamos ter dificuldades em ir buscar o resto do financiamento", explanou, realçando que há 89 doutorados integrados no centro.