Restrições orçamentais encurtam viagem de instrução de cadetes do navio-escola Sagres
A bordo do veleiro estão 38 cadetes da Escola Naval da Marinha portuguesa e outros 11 estrangeiros, de "marinhas amigas", para além dos 128 militares que compõem a guarnição do navio. Como sempre acontece, os cadetes frequentam o segundo ano da Escola Naval, que põem em prática nesta viagem a teoria que aprenderam nos meses anteriores e adquirem novos conhecimentos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A bordo do veleiro estão 38 cadetes da Escola Naval da Marinha portuguesa e outros 11 estrangeiros, de "marinhas amigas", para além dos 128 militares que compõem a guarnição do navio. Como sempre acontece, os cadetes frequentam o segundo ano da Escola Naval, que põem em prática nesta viagem a teoria que aprenderam nos meses anteriores e adquirem novos conhecimentos.
"Normalmente, o segundo ano da Escola Naval é o ano em que as matérias ministradas estão mais viradas para a navegação astronómica, navegação oceânica. E este navio acaba por ser a plataforma ideal para essa instrução", explicou aos jornalistas o comandante do Sagres, o capitão-de-fragata Alcobia Portugal.
O navio-escola, um veleiro construído em 1937 e ao serviço da Marinha nacional desde 1962, permite aos cadetes um "contacto muito próximo com o meio ambiente, enquanto que num navio de guerra tradicional tudo se passa no interior", prossegue o comandante.
"Aqui, os cadetes estão em pleno contacto com a natureza, com as forças que nos fazem movimentar, que é o vento e o mar", explicou, acrescentando que a maioria das marinhas "continuam a ter grandes veleiros para a instrução".
Portugal usa o Sagres há 52 anos com esse objectivo e o comandante Alcobia Portugal espera que assim continue por outros cinquenta, sublinhando que o veleiro tem tido "pequenas adaptações e pequenas reparações pontuais" que garantem toda a segurança e adequação plena "à sua função de navio-escola mas também como embaixador itinerante, representante de Portugal por todo o mundo".
Este ano, a viagem de instrução de cadetes começou em Lisboa a 13 de Junho, terminando, também na capital, a 20 de Julho, depois de escalas em Las Palmas, no arquipélago espanhol das Canárias, em Ponta Delgada e em Angra do Heroísmo, nos Açores.
Um mês e meio passado, sobretudo, em alto mar, para "rentabilizar ao máximo" a aprendizagem dos cadetes, que são "integrados no funcionamento total do navio", desempenhando tarefas e serviços ao lado dos elementos da guarnição.
Por causa de "questões nacionais de restrições orçamentais", a viagem deste ano de instrução de cadetes "é muito mais curta" e limita-se à "zona do continente e ilhas", havendo apenas uma escala num porto estrangeiro.
"Vamos tentar que a viagem seja o mais barata possível. Esta é uma realidade que nos cabe a todos e a Marinha também está parceira nessa realidade", afirmou o comandante do navio, dizendo ainda que "todos os navios acabam, de alguma forma, por ser afectados" pela contenção orçamental.
"Como todo o Estado e todos os particulares, gerimos com muita parcimónia todos os recursos que estão disponíveis e tentamos que esses recursos sejam focalizados nas áreas mais sensíveis e, portanto, neste momento, não nos afecta", sublinhou.
A organização desta viagem anual conjuga os "vários convites" que o navio recebe para ir a portos nacionais ou onde há comunidades portuguesas e a oportunidade e necessidade de "dar navegação aos cadetes".
O mar dos Açores, por onde o navio andará até 14 de Julho, "a toda a hora, todo o dia, muda" e os cadetes poderão assim aprender a estar preparados para essa instabilidade, para o bom e para o mau tempo, "aqui ou em qualquer lugar".
Porque, diz Alcobia Portugal, "os mares são todos iguais e todos diferentes".