Medo do extremismo islâmico cresce do Médio Oriente a África
Estudo do Pew Research em 14 países revela que esmagadora maioria dos muçulmanos tem opinião negativa de organizações como a Al-Qaeda
O estudo da Pew Research, instituto de pesquisa de opinião que monitoriza com frequência a visão e as atitudes das populações em todo o mundo, revela que a preocupação é mais evidente nos países do Médio Oriente, palco actual de duas guerras – no Iraque e na Síria – e de uma instabilidade violenta que se estende do Egipto, ao Líbano e Iémen. O receio disparou no último ano em países como o Líbano, onde 92% dos inquiridos dizem estar preocupados com o extremismo islâmico (mais 11 pontos do que na sondagem do ano anterior), o Egipto (75% temem as consequências de uma radicalização) ou a Jordânia (62%).
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O estudo da Pew Research, instituto de pesquisa de opinião que monitoriza com frequência a visão e as atitudes das populações em todo o mundo, revela que a preocupação é mais evidente nos países do Médio Oriente, palco actual de duas guerras – no Iraque e na Síria – e de uma instabilidade violenta que se estende do Egipto, ao Líbano e Iémen. O receio disparou no último ano em países como o Líbano, onde 92% dos inquiridos dizem estar preocupados com o extremismo islâmico (mais 11 pontos do que na sondagem do ano anterior), o Egipto (75% temem as consequências de uma radicalização) ou a Jordânia (62%).
Na Tunísia, onde a transição para a democracia tem sido acompanhada pelo surgimento de grupos radicais, 80% dos inquiridos dizem estar preocupados, uma percentagem que dispara para os 72% na Nigéria – onde tanto a população muçulmana (76%) como a cristã (69%) teme um extremismo que no país é personificado pelos radicais do Boko Haram. Dois terços dos paquistaneses temem também a radicalização, uma percentagem idêntica à de malaios.
A sondagem, feita junto de 14 mil pessoas em 14 países de maioria muçulmana ou onde os muçulmanos têm uma presença significativa (caso da Nigéria ou Israel), não incluiu a Síria ou o Iraque e foi feita antes de os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) terem decretado um califado no território que controlam entre os dois países. Mas os resultados indicam que os apelos à guerra santa como o que o líder do grupo Abu Bakr al-Baghdadi lançou na terça-feira têm um eco reduzido nos países muçulmanos.
A sondagem revela que a grande maioria dos inquiridos – nalguns quase mesmo a esmagadora maioria – tem uma opinião negativa da Al-Qaeda, organização de que o ISIS se distanciou e quer agora substituir, mas que tem uma agenda idêntica à dos extremistas do Iraque. O Líbano volta a ser o país muçulmano que mais recusa a ideologia e os métodos da Al-Qaeda (96% têm opinião desfavorável), o mesmo acontecendo com Israel (97%), Turquia ou Jordânia. Mesmo nas zonas onde as opiniões são menos negativas, a percentagem dos que apoiam a actuação do grupo terrorista têm vindo a diminuir em relação a anos anteriores, caso do Bangladesh (23%) ou dos territórios palestinianos (25%, menos 9 pontos percentuais do que em 2013).
Na Nigéria, oito em cada dez inquiridos dizem ter opinião negativa do Boko Haram (um repúdio partilhado em percentagens quase iguais por cristãos e muçulmanos), o mesmo acontecendo com os taliban no Paquistão (59% rejeitam o grupo e 33% não responderam) ou o Hezbollah – 59% dos libaneses não concordam com o grupo, uma percentagem que assenta sobretudo no repúdio de cristãos e sunitas, já que 86% dos xiitas apoiam a organização. O Hamas, movimento islamista palestiniano que os EUA e a União Europeia consideram uma organização terrorista, tem vindo também a perder apoios – 53% dos palestinianos têm opinião desfavorável do grupo, uma recusa que é mais elevada em Gaza (63%), território que o movimento domina, do que na Cisjordânia.
A sondagem revela ainda que um número significativo de inquiridos considera que os atentados suicidas se justificam para defender o islão dos seus inimigos, mas ainda assim abaixo do que aconteceu no passado. O apoio a este tipo de violência extrema é maior nos territórios palestinianos (46% face aos 70% de 2007). No Líbano o método é aceite por 29% dos inquiridos contra os 74% registados em 2002.