A psicóloga para combater a choradeira

Regina Brandão é sinónimo de esperança dos adeptos da "canarinha" depois do abalo emocional sentido pelos jogadores na partida com o Chile.

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Neymar consolado por Scolari no final do jogo com o Chile FABRICE COFFRINI/AFP

O choro desesperado de Neymar, David Luiz ou do capitão da “canarinha”, Thiago Silva, em pleno relvado no final dos oitavos-de-final frente ao Chile, fizeram disparar o alarme entre os fãs e a imprensa brasileira sobre a condição psicológica dos atletas. Contudo, o recurso a Regina Brandão “não é uma situação pontual”. “A psicóloga trabalha com Scolari há mais de uma década [20 anos]. É um trabalho contínuo e que não deve funcionar numa lógica do género “INEM” ou de “bombeiros””, explicou ao PÚBLICO Pedro Almeida, professor do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida (ISPA).

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O choro desesperado de Neymar, David Luiz ou do capitão da “canarinha”, Thiago Silva, em pleno relvado no final dos oitavos-de-final frente ao Chile, fizeram disparar o alarme entre os fãs e a imprensa brasileira sobre a condição psicológica dos atletas. Contudo, o recurso a Regina Brandão “não é uma situação pontual”. “A psicóloga trabalha com Scolari há mais de uma década [20 anos]. É um trabalho contínuo e que não deve funcionar numa lógica do género “INEM” ou de “bombeiros””, explicou ao PÚBLICO Pedro Almeida, professor do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida (ISPA).

O mestre em psicologia do desporto conheceu a psicóloga durante o Euro 2004 e ainda hoje mantêm uma relação universitária. Para ele, Regina Brandão é “uma excelente profissional” e “a melhor pessoa para ajudar neste momento a selecção”.

“Não há como especular. Podia estar previsto uma reavaliação nesta fase ou, até, como se trata de uma professora universitária, só agora que já terminaram as aulas é que pôde juntar-se ao grupo”, prefere ver o professor, que considera ainda “uma coisa bastante normal” a integração na selecção da psicóloga, que já tinha realizado a avaliação de competências e perfil psicológico dos atletas antes da prova.

Parece ser impossível negar a pressão associada ao Brasil por disputar o Mundial em casa, ainda mais quando associado ao fantasma do “Maracanazo”. É o próprio Carlos Alberto Parreira a reconhecer que a final da “Copa” perdida com o Uruguai “é algo atravessado na garganta” dos brasileiros há 64 anos.

Contudo, Pedro Almeida destaca que “só quem está por dentro do contexto” é que saberá como o momento está a afectar os jogadores, ainda que reconheça que o “mata-mata” traz sempre consigo “uma adrenalina típica por haver poucos jogos para os atletas mostrarem aquilo que valem”.

“Obviamente pode haver exuberância de alguns comportamentos e emoções de alguns atletas, dirigentes ou treinadores que têm de ser regulados. É possível antecipar algumas dessas situações com trabalho continuado”, afirma o actual coordenador do Gabinete de Psicologia do Benfica, refutando a imagem associada aos jogadores no “divã”, muitas vezes no imaginário das pessoas.

Agora, o principal trabalho de Regina Brandão deverá passar pela “assessoria directa ao treinador”, discutindo com ele as situações do dia-a-dia com os atletas e ajudando-o a decidir o que fazer a cada momento. “É fundamental ter um profissional desta área sempre a trabalhar em conjunto com quem lidera. O grande responsável é sempre o treinador, deve ser o próprio a intervir psicologicamente com os atletas”, rematou Pedro Almeida, salientando que mesmo o estado anímico de Scolari poderá sair beneficiado. Texto editado por Jorge Miguel Matias