Agora, cada jogo é o mais importante da história da Costa Rica

Equipa sensação do Campeonato do Mundo encara o jogo dos quartos-de-final contra a Holanda com descontracção – mas também confiança em acrescentar um capítulo à história.

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A Costa Rica quer continuar a fazer história no Mundial 2014 RONALDO SCHEMIDT/AFP

Numa manhã quente em Santos, cidade do litoral de São Paulo conhecida não só pelos quilómetros de praia mas também por ter dado ao futebol nomes com a dimensão de Pelé e Neymar, o treino da Costa Rica começou com um momento de introspecção. Quando a entrada dos jornalistas no recinto foi autorizada, a primeira visão foi dos jogadores e equipa técnica abraçados no centro do relvado da Vila Belmiro. O grupo comandado por Jorge Luis Pinto já fez história – mas não quer ficar-se por aqui. No sábado os ticos enfrentam a Holanda em Salvador (21h, RTP1) e vão tentar atingir as meias-finais do Mundial 2014. O desempenho da equipa domina todas as conversas na Costa Rica: ninguém esperava ir tão longe, mas tendo chegado aqui qualquer coisa pode acontecer.

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Numa manhã quente em Santos, cidade do litoral de São Paulo conhecida não só pelos quilómetros de praia mas também por ter dado ao futebol nomes com a dimensão de Pelé e Neymar, o treino da Costa Rica começou com um momento de introspecção. Quando a entrada dos jornalistas no recinto foi autorizada, a primeira visão foi dos jogadores e equipa técnica abraçados no centro do relvado da Vila Belmiro. O grupo comandado por Jorge Luis Pinto já fez história – mas não quer ficar-se por aqui. No sábado os ticos enfrentam a Holanda em Salvador (21h, RTP1) e vão tentar atingir as meias-finais do Mundial 2014. O desempenho da equipa domina todas as conversas na Costa Rica: ninguém esperava ir tão longe, mas tendo chegado aqui qualquer coisa pode acontecer.

“Agora, cada jogo é o mais importante da história da Costa Rica. Foi assim contra o Uruguai, depois contra a Itália, contra a Inglaterra, a Grécia... Na Costa Rica toda a gente está a falar do Mundial. Estes jogadores já são heróis e serão recebidos como tal quando regressarem”, admitiu ao PÚBLICO o jornalista costa-riquenho David Goldberg Jiménez, do La Nación. Mas, por vontade dos jogadores, esse momento ainda não será para breve. “Os jogadores estão muito tranquilos e acreditam que isto não vai acabar por aqui”, acrescentou.

Uma opinião confirmada na conferência de imprensa por Celso Borges, para quem ainda há algo por fazer: “O grupo continua com ‘fome’. Continuamos a ser ambiciosos, isso não se perdeu. O que fizemos é importante, mas o que está por fazer poderá ter uma repercussão mundial. Adoraríamos que o mundo continuasse a falar da Costa Rica como uma selecção sólida e forte”, apontou o médio costa-riquenho, filho de pai brasileiro. No entanto, o próprio futebolista admite que é difícil assimilar a dimensão do feito que já foi alcançado. “Não sei se entendemos completamente o que estamos a fazer. Espero que consigamos criar novas memórias para toda a gente na Costa Rica. Não viemos para ir à praia, viemos para competir”, vincou.

Este espírito competitivo é resultado do trabalho do colombiano Jorge Luis Pinto, que desde Setembro de 2011 orienta os ticos, posto por onde já tinha passado em 2004-05. “Ele chegou a ser muito questionado e nem sempre se entendem as opções que toma, mas está tudo a correr na perfeição. A equipa entra sempre em campo com a mesma filosofia. Joga de memória: ganhando ou perdendo a postura é sempre igual”, salientou David Goldberg Jiménez. “Surpresa? Treinamos para isso, não treinamos apenas para um jogo. Durante dois anos e meio preparámo-nos para fazer história. O país inteiro fica surpreendido e a equipa sente-se contente com o que está a acontecer. Se querem falar de surpresa, tudo bem. Mas desde o início acreditámos que podíamos obter resultados”, garantiu por seu lado Celso Borges.

Durante a muito concorrida conferência de imprensa – no início éramos só uma mão-cheia e agora há gente às dezenas, desabafou um jornalista costa-riquenho – o médio falou em espanhol, português, inglês... “e também sei sueco ou norueguês”, disse o futebolista do AIK da Suécia. Até nisso Celso Borges pauta o seu discurso pela tranquilidade e autoconfiança. “Acredito que [contra a Holanda] podemos fazer um jogo sério e ofensivo. Seja qual for o resultado final, vamos estar orgulhosos do que fizemos”, garantiu. “A Holanda tem excelentes referências na frente de ataque. É uma equipa muito perigosa devido aos resultados que obteve. Vamos precisar de ter calma e fazer um jogo sério”, acrescentou o internacional costa-riquenho.

Mas os ticos têm algo muito valioso a que se agarrar. “Dá-nos confiança olhar para as equipas que batemos e para a forma como as batemos. Mas tudo se resume a 90 minutos”, Celso Borges. Ou não, porque no caso do encontro dos oitavos-de-final, contra a Grécia, houve prolongamento e grandes penalidades – e aí Keylor Navas foi o herói. O guarda-redes não se treinou ontem por ter um problema no ombro, mas que não é preocupante, garantiu o preparador físico Erick Sánchez. Esta é a altura de fazer das fraquezas forças, acrescentou o mesmo elemento, referindo-se a uma espécie de “doping que nasce na cabeça, no coração”: “Ultrapassar a Grécia foi tremendo. Foi um esforço muito exigente, mas o grupo fortaleceu-se muito na parte mental”. Para os costa-riquenhos a história ainda não acabou de ser escrita.