A marcha dos pinguins-imperadores está a caminho do declínio
Ícone da Antárctida, a maior espécie de pinguins está em risco devido às alterações do clima.
Celebrizado em 2005, graças ao documentário A Marcha dos Pinguins – no original, La Marche de L'Empereur, realizado pelo francês Luc Jacquet –, o pinguim-imperador é o maior e o mais pesado entre todas as espécies de pinguins e vive exclusivamente na Antárctida. Tem quase 1,20 metros de altura.
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Celebrizado em 2005, graças ao documentário A Marcha dos Pinguins – no original, La Marche de L'Empereur, realizado pelo francês Luc Jacquet –, o pinguim-imperador é o maior e o mais pesado entre todas as espécies de pinguins e vive exclusivamente na Antárctida. Tem quase 1,20 metros de altura.
Publicado na última edição da revista Nature Climate Change, o novo estudo traz novas informações sobre o papel crucial do gelo no mar para a sobrevivência deste pinguim, que cria aí os seus filhotes. Mesmo o próprio gelo assegura a sua subsistência ao abrigar as presas que come – peixes e pequenos crustáceos – e ao manter a cadeia alimentar da qual depende.
“O papel do gelo é complicado. Gelo a mais exige longas viagens dos pais pinguins para o oceano para caçarem e trazerem de volta comida para as crias”, diz a principal autora do estudo, a bióloga Stéphanie Jenouvrier, da Instituição Oceanográfica de Woods Hole, nos EUA. “Mas gelo a menos reduz o habitat para o ‘krill’, uma fonte de alimentação crucial dos pinguins-imperadores. Os nossos modelos tomaram em consideração os efeitos quer de gelo a mais quer de gelo a menos na área da colónia”, acrescentou a bióloga, citada num comunicado da sua instituição.
Ora o recuo do gelo no mar provocado pelo aquecimento global irá traduzir-se no declínio da totalidade das 45 colónias de pinguins-imperadores conhecidas até ao momento, segundo uma simulação efectuada por Stéphanie Jenouvrier e colegas.
“Os nossos resultados indicam que pelo menos 75% das colónias de pinguins-imperadores estão vulneráveis às variações futuras do gelo no mar e que 20% deles estarão provavelmente quase extintos em 2100”, sublinha o estudo.
Mas a trajectória de cada colónia será diferente. Os investigadores estimam que as colónias situadas no Mar de Weddell, a norte do continente antárctico, terão o declínio mais acentuado. Já as que se encontram no Mar de Ross, a sul do continente, serão um pouco mais poupadas. Segundo os seus cálculos, a população de pinguins do Mar de Ross continuarão mesmo a aumentar até 2100, mas a partir dessa altura irão sofrer reduções no seu número.
“Se o gelo no mar diminuir ao ritmo projectado pelos modelos climáticos do IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas] e continuar a influenciar os pinguins-imperadores como fez na segunda metade do século XX na Terra de Adélia [mais a leste], as projecções indicam que pelo menos dois terços das colónias sofrerão reduções de mais de 50% em relação ao seu tamanho actual em 2100”, refere ainda Stéphanie Jenouvrier. “Nenhuma das colónias, mesmo aquelas que se encontram mais a sul no Mar de Ross, terá um refúgio viável no final do século XXI.”
À luz destes resultados, os investigadores estimam que o pinguim-imperador “merece plenamente um estatuto de espécie ameaçada pelas alterações climáticas”, tendo em conta o “Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas”, da União Internacional para a Conservação da Natureza. Actualmente, esta ave antárctica está classificada como espécie “quase ameaçada”, cuja população é considerada “estável”.