Di María, o fiel escudeiro de um Messi que deseja fazer de Maradona

Argentina venceu todos os jogos, tem o seu craque a marcar, Di María em forma, mas ainda falta algo para a equipa estar equilibrada.

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Di María e Messi, os melhores amigos em campo Darren Staples/Reuters

Aos 26 anos, Di María está a jogar o seu segundo Mundial. Na África do Sul foi uma desilusão. Agora, está mais maduro e joga numa posição diferente. Em vez de ser extremo, joga no meio-campo, atrás dos outros elementos do “quarteto fantástico” da Argentina. Uma posição que também já tem feito no Real Madrid, desde a chegada de Gareth Bale, e com bons resultados, como se viu na final da Liga dos Campeões.

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Aos 26 anos, Di María está a jogar o seu segundo Mundial. Na África do Sul foi uma desilusão. Agora, está mais maduro e joga numa posição diferente. Em vez de ser extremo, joga no meio-campo, atrás dos outros elementos do “quarteto fantástico” da Argentina. Uma posição que também já tem feito no Real Madrid, desde a chegada de Gareth Bale, e com bons resultados, como se viu na final da Liga dos Campeões.

Campeã em 1978 (sob a batuta de Mario Kempes) e em 1986 (conduzida por um incrível Maradona), a Argentina sonha com um terceiro título. Com Messi a jogar numa posição mais avançada e sem um número dez como Riquelme, Di María tem sido o transportador de jogo do meio-campo para o ataque, graças à sua velocidade.

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“Cresci muito. Mudei em todos os sentidos. Comecei a jogar de maneira diferente, em outras posições. Creio que o meu nível futebolístico cresceu e, oxalá, as coisas me saiam tão bem como no meu clube”, disse Di María, em entrevista ao jornal argentino Olé.

O ex-jogador do Benfica é mais uma daquelas histórias de encantar no futebol. Filho de um carvoeiro, começou a jogar futebol aos quatro anos, quando um médico recomendou à mãe que ele praticasse desporto porque era “muito nervoso”. A mãe colocou-o num pequeno clube de Rosário, o Torito, onde começou a jogar sem sequer sonhar que um dia seria campeão mundial de sub-20 (2007) ou campeão olímpico (2008).

Aos sete anos, passou a jogar no Rosário Central, a troco de 25 bolas para o Torito. Estreou-se na equipa principal aos 17 anos e rapidamente despertou interesse na Europa, onde se afirmou no Benfica, antes da milionária transferência para o Real Madrid. Como todos os jogadores argentinos, Di María tem uma alcunha: “El Fideo” (o “esparguete”) já é ouvido nos cânticos dos adeptos, que já o colocam na lista de preferidos a seguir a Messi, Aguero ou Mascherano.

Com Aguero em dificuldades físicas e Higuaín ainda longe do nível que mostrou no Real Madrid e no Nápoles, a Argentina tem vivido da boa forma de jogadores Di María, Romero, Garay ou Rojo. E especialmente dos golos de Messi, que encontrou mais depressa o caminho da baliza do que as exibições de gala que já lhe vimos no Barcelona. O avançado marcou nos dois primeiros jogos (Bósnia e Irão), embora sem jogar muito. Frente à Nigéria, voltou a marcar e com uma exibição bem melhor. Depois de apenas ter marcado um golo no Mundial 2006 e de ter ficado em branco há quatro anos, o jogador do Barcelona já apontou quatro golos no Brasil.

Será o Messi de 2014 o Maradona de 1986? “O Messi está a fazer um grande Mundial, que era o esperado por ele, pelos seus companheiros e pelos adeptos. Maradona era determinante e Messi também é”, respondeu ontem Alejandro Sabella, o seleccionador argentino, considerando normal que a equipa seja dependente do seu número dez, como o Brasil é de Neymar.

A Argentina somou três vitórias nos três jogos da fase de grupos, mas não convenceu completamente. A Bósnia, Irão e Nigéria não foram o teste definitivo. Nem tão a pouco a Suíça o deverá ser hoje. Um potencial embate com a Holanda nas meias-finais, esse sim, pode ser um teste de fogo para uma equipa que continua a procurar “equilibrar o talento ofensivo com a solidez defensiva”, como escreveu o ex-internacional Santiago Solari no El País - talvez, por isso, Sabella esteja na dúvida entre alinhar com Lavezzi em 4-3-3 ou com Maxi Rodríguez num 4-4-2.

Jorge Valdano, que em 1986 viu de perto o fenómeno Maradona, diz que até agora Messi foi a resposta para todas as dúvidas do seleccionador (como fazer uma equipa competitiva ou como dissimular a falta de dinâmica): “Mas o nome que faz sonhar os argentinos e deslumbra o mundo, frustra o treinador, que pretende uma equipa sólida por trás de Leo (…) Se o treinador encontrar essas respostas colectivas, podemos confiar no jogo. Caso contrário, continuaremos à espera da jogada do dez”. Ou então de uma correria louca de Di María, que na primeira fase foi o autor do terceiro sprint mais rápido (33 km/h), apenas atrás do costa-marfinense Serge Aurier (33,5 km/h) e do uruguaio Álvaro Pereira (33,1).