Projecto analisou igualdade de género em 221 notícias e 85% são problemáticas

"As mulheres surgem como vítimas ou como casos de excepção", referiu uma facilitadora da Unidade Local de Análise de Imprensa

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PÚBLICO/Arquivo

Ao todo, foram sinalizados 645 artigos de nove títulos de imprensa, tendo sido analisados 221 artigos, entre Setembro de 2013 e Junho de 2014, por uma Unidade Local de Análise de Imprensa (ULAI), em Coimbra, constituída por diferentes entidades ligadas à questão do género. Marisa Figueiredo, facilitadora da ULAI, disse à agência Lusa que os artigos que contribuem de forma positiva para uma maior igualdade de género na sociedade são uma "parte muito residual" da totalidade dos artigos sinalizados, sublinhando que ainda "há vários problemas ao nível do discurso" mediático.

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Ao todo, foram sinalizados 645 artigos de nove títulos de imprensa, tendo sido analisados 221 artigos, entre Setembro de 2013 e Junho de 2014, por uma Unidade Local de Análise de Imprensa (ULAI), em Coimbra, constituída por diferentes entidades ligadas à questão do género. Marisa Figueiredo, facilitadora da ULAI, disse à agência Lusa que os artigos que contribuem de forma positiva para uma maior igualdade de género na sociedade são uma "parte muito residual" da totalidade dos artigos sinalizados, sublinhando que ainda "há vários problemas ao nível do discurso" mediático.

"As mulheres surgem como vítimas ou como casos de excepção", referiu Marisa Figueiredo, sublinhando que, em casos de violência doméstica, surgem "narrativas romantizadas", em que as mulheres são "agentes passivos", não havendo um discurso na primeira pessoa das vítimas. Carla Duarte, do Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais, entidade que promove a iniciativa, salientou que "há um conjunto de estereótipos sobre a mulher que continuam a ser muito reproduzidos".

Caso disso é a associação da mulher "ao seu papel e função tradicional", considerando que as situações problemáticas ou discriminatórias surgem não só "por falta de sensibilidade", mas por "questões editoriais ou devido ao tempo de produção das notícias", aclarou. "A abordagem ainda não é feita da forma mais correta", criticou Carla Duarte, sublinhando que seria necessário "uma linguagem mais inclusiva" por parte dos órgãos de comunicação social.

Os nove títulos de imprensa analisados foram os jornais As Beiras, Diário de Coimbra, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Público e as revistas Maria, Caras, Happy Woman e Men's Health, de forma a abranger "diferentes critérios" e a encontrar "uma maior diversidade".

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, o movimento Graal, a SOS Racismo, a associação Não Te Prives e a União de Mulheres Alternativa e Resposta são as instituições que integram a Unidade Local de Análise de Imprensa.