A três meses do novo mapa judiciário faltam 900 funcionários e oficiais ponderam greve
Protesto deverá coincidir com a entrada em vigor da reorganização dos tribunais, a 1 de Setembro. Funcionários ponderam também providência que poderá travar processo.
Os sindicatos que representam os funcionários judiciais prometem todas as formas de contestação contra esta lacuna até 1 de Setembro. Consideram que a falta de pessoal poderá colocar em causa a entrada em vigor da reorganização judiciária e não descartam mesmo a realização de uma greve nessa altura. Já em Março, a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, disse que seriam necessários mais “500 funcionários” para colocar em prática o mapa judiciário.
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Os sindicatos que representam os funcionários judiciais prometem todas as formas de contestação contra esta lacuna até 1 de Setembro. Consideram que a falta de pessoal poderá colocar em causa a entrada em vigor da reorganização judiciária e não descartam mesmo a realização de uma greve nessa altura. Já em Março, a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, disse que seriam necessários mais “500 funcionários” para colocar em prática o mapa judiciário.
O ministério garantiu ao PÚBLICO estar “a desenvolver os procedimentos legais necessários para colmatar a prognosticada falta de oficiais de justiça”. Não adiantou, contudo, prazos para lançamento de concurso para admissão de pessoal.
“Há pouco tempo o Ministério das Finanças publicou um anúncio em Diário da República de abertura de concurso de admissão de técnicos para a Autoridade Aduaneira. Já no caso dos oficiais de justiça, há anos que se diz que faltam muitos. A própria ministra disse-o na abertura do ano judicial em Janeiro. Fala-se muito e nada se faz”, disse o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, Fernando Jorge.
Aliás, o responsável sindical considera que a portaria é uma “engenharia matemática”. Isto porque, diz, “diminuíram os lugares previstos no quadro de oficiais de justiça, conseguindo, assim, uma aparente diminuição do défice. Mas a verdade é que continuam a faltar quase dois mil como faltam há inúmeros anos”, lamenta aquele responsável.
O Ministério da Justiça recorda, por outro lado, que “os mapas de pessoal fixados para cada uma das novas comarcas foram objecto de discussão e foram sufragados pelas diversas entidades que integram o Grupo de Trabalho para a implementação da Reforma da Organização Judiciária”. Aquela tutela explicou ainda que o quadro a substituir está “desajustado” face “ao volume e à evolução processual” e “não serve o modelo de organização e funcionamento preconizados na reorganização em curso”.
Fernando Jorge pediu uma reunião com Paula Teixeira da Cruz para debater soluções para a questão. Aguarda ainda resposta. “Se não tivermos qualquer resposta até ao final de Julho, vamos tomar uma posição pública que passará necessariamente por um protesto. E uma greve para Setembro não está, de forma alguma, fora de questão”, disse.
Para aquele dirigente sindical, os funcionários judiciais “não podem ser acusados de irresponsabilidade e de colocarem em causa a entrada em vigor do novo mapa judicial”, com essa decisão.
“Nós avisamos desde o início para as falhas. Se o mapa não entrar em vigor no dia 1 ou 2 entra dia 3. Agora isso é um direito que temos. A falta de funcionários é que irá colocar em causa a entrada em vigor da nova organização. Os oficiais estão desgastados. Não chegam para tudo agora. Vão chegar para tamanho desafio que a reorganização representa?”, questiona.
A greve não é a única medida que está em cima da mesa. O Sindicato de Oficias da Justiça (SOJ) garante que irá interpor no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa uma providência cautelar para travar a portaria. A estrutura considera que as alterações têm de ser alvo de negociação colectiva. “Se a ministra não abrir um procedimento de negociação colectiva, que tem de existir por lei, avançamos com uma providência. E depois não nos culpem pelo atraso na entrada em vigor do mapa judiciário. Nós avisamos a tempo”, disse também o presidente do SOJ, Carlos Almeida.
O ministério tem outro entendimento. “O projecto de portaria foi, nos termos legais, remetido para as audições das diversas entidades”, disse a tutela ao PÚBLICO que lembra que, não havendo qualquer alteração ao estatuto dos funcionários, não tem de haver negociação colectiva.