Viver de porta aberta, na avenida dos Aliados, para pensar o Porto
O projecto de arquitectura integrou a participação portuguesa na Bienal de Veneza.
Pedro Campos Costa, comissário da exposição, explica que a participação portuguesa em Veneza se centrou num jornal de três edições com dois blocos: “um de estudos diferentes [relacionados com a arquitectura] e outro de seis temas de habitação mais relacionado com temáticas actuais”. Os seis temas habitacionais foram desenvolvidos para seis cidades, tendo o Porto ficado com o tema “temporário”.
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Pedro Campos Costa, comissário da exposição, explica que a participação portuguesa em Veneza se centrou num jornal de três edições com dois blocos: “um de estudos diferentes [relacionados com a arquitectura] e outro de seis temas de habitação mais relacionado com temáticas actuais”. Os seis temas habitacionais foram desenvolvidos para seis cidades, tendo o Porto ficado com o tema “temporário”.
Mariana Pestana é editora do projecto e, durante as próximas semanas, vai fazer do número 66/68 da Avenida dos Aliados a sua casa. “O grande objectivo é reflectir sobre a transitoriedade. É uma condição partilhada por vários profissionais, desde investigadores a consultores, estudantes e também imigrantes. A verdade é que os modelos de habitação têm sido inertes perante tantas mudanças”.
A proximidade ao espaço público, com uma das principais avenidas da cidade do outro lado da porta, surge como mote para uma discussão, aberta à população, sobre grandes desafios que se colocam à cidade. O aproveitamento de uma antiga sede de um banco, desocupada e inutilizada, pretende alertar para a quantidade de edifícios devolutos que se espalham pelo centro da cidade.
A reflexão estende-se aos novos desafios que a pressão turística coloca, mas também aos modelos de habitação social. A intenção inicial do projecto, como explicou Paulo Cunha e Silva, era “ter dois pólos de habitação, um nos Aliados e outro no Aleixo, mas por razões de política não foi possível”. O vereador da Cultura considerou que esta iniciativa “é uma forma de reflectir a habitação”.
Uma situação que Manuel Pizarro considerou paradoxal: “Há tanta gente sem casa e tanta casa sem gente…” - um slogan muito utilizado em Lisboa, há alguns anos, pelo Bloco de Esquerda. O vereador da habitação salientou que existe “uma ideia errada sobre os números da habitação social em Portugal”, até porque “qualquer comparação com um país desenvolvido mostra que temos números inferiores”.
O vereador socialista louvou ainda a acção conjunta dos três pelouros – cultura, habitação social e urbanismo – que demonstra que “a cultura não é adorno mas uma actividade colectiva e uma prioridade da cidade e da governação”. Uma ideia corroborada pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier. Este afirmou ainda que, para os problemas trazidos pelos novos hábitos sociais, existem “soluções possíveis, se não continuarmos enfeudados com algumas maneiras de pensar”.
Ao longo do mês em que os quatro arquitectos (a Mariana Pestana junta-se o atelier LIKEarchitects) vão habitar no centro da cidade. A instalação será alvo de uma programação de debates sobre a questão do “temporário” e vai ainda receber alguns mapeamentos e workshops.