Uma campanha de crowdfunding para poder voltar a estudar

Estudante de 28 anos aufere o salário mínimo e Universidade do Minho não lhe deu bolsa. Jovem espera angariar 18 mil euros. Cerca de 3600 euros vão para ajudar a construir uma biblioteca em Moçambique.

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Na queda do muro morreram três estudantes da Universidade do Minho. Foto: Hugo Delgado

José Soares é um jovem de 28 anos que desde sempre teve o objectivo de estudar: "Não é uma coisa muito comum na minha família e sempre tive esse objectivo desde que me conheço".

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José Soares é um jovem de 28 anos que desde sempre teve o objectivo de estudar: "Não é uma coisa muito comum na minha família e sempre tive esse objectivo desde que me conheço".

Razões pessoais e familiares obrigaram-no a ir viver sozinho há alguns anos e, no final do ensino secundário, a necessidade de encontrar um emprego fez com que pusesse o sonho de parte. "Há cerca de dois ou três anos decidi fazer o curso de preparação para o ensino superior para maiores de 23 anos, porque abriu na Universidade do Minho, em Braga, o curso de Marketing em regime pós-laboral", explicou à Lusa.

José conseguiu entrar no curso de Marketing, mas como trabalha, apesar de receber apenas o ordenado mínimo nacional, a universidade negou-lhe o direito a receber bolsa de estudos. "Não queria que isso me impedisse de voltar a estudar e esta ideia surgiu o ano passado, quando conheci o crowdfunding", contou.

O termo crowdfunding pode ser traduzido para português como financiamento colectivo e consiste na obtenção de capital para uma qualquer iniciativa através de doações de cidadãos, sendo este termo usado muitas vezes para acções nas redes sociais, como o Facebook.

Depois de muita pesquisa e conversas com amigos, José decidiu-se então a criar a sua campanha de crowdfunding, que dá pelo nome de "One million faces book".

O nome vem por causa da popularidade crescente das fotografias pessoais e das chamadas selfies, mas tem também a ver com uma exposição que passou por Braga com o maior álbum de fotografias do mundo.

Da exposição nasceu a ideia de criar o álbum com a maior quantidade de fotografias, a nível mundial, que pudesse concorrer ao Record do Guiness. "Quem quiser fazer parte deste álbum efectua a doação num valor qualquer - não há montante mínimo -, depois escolhe a fotografia que quer que participe e envia-a", adiantou.

Com tudo isto, José pretende conseguir angariar 25 mil dólares (cerca de 18,3 mil euros), dos quais 15.525 dólares (perto de 13,3 mil euros) serão para as propinas e despesas universitárias de três anos de licenciatura e de dois anos de mestrado.

Como José quis que o projecto tivesse também uma vertente solidária, decidiu ajudar uma organização que se dedicasse a uma causa educativa, tendo escolhido a AIDGlobal, para a qual irão cinco mil dólares (cerca de 3600 euros) que serão aplicados na construção de uma biblioteca em Moçambique e na compra de livros.

O restante valor (4.475 dólares) serão investidos na construção do site que servirá para a recolha das fotos e posterior construção do álbum.

A campanha de crowdfunding arranca ainda este mês e José tem a expectativa de conseguir angariar até Outubro o suficiente para pagar a primeira parcela das propinas, de cerca de 200 euros, num total de 1.200 euros por ano.

Enquanto não arranca, a campanha pode ser seguida no site http:/www.onemillionfacesbook.com/pt.html