Gastar meio milhão para fazer statement
Alberto João Jardim fez uma grande despesa para dizer que não é despesista.
O caso é no mínimo caricato. Não é de hoje que presidente do Governo Regional da Madeira acusa os governantes do continente de colocarem um garrote nas contas públicas da ilha, recusando ainda todas as acusações daqueles que dizem que a sua governação tem sido despesista. E qual é a melhor maneira de Jardim responder a essas acusações? Nada mais, nada menos do que gastar meio milhão de euros para patrocinar um estudo para mostrar que a Madeira “não é despesista”. É preciso notar que aos 552 mil euros que custou o estudo acresce ainda custos relativos ao destacamento de docentes e ainda recursos humanos e técnicos disponibilizados por outros organismos, nomeadamente o Arquivo Regional, que compilou e digitalizou grande parte da documentação que compõem as 13 mil páginas dos dez volumes do estudo.
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O caso é no mínimo caricato. Não é de hoje que presidente do Governo Regional da Madeira acusa os governantes do continente de colocarem um garrote nas contas públicas da ilha, recusando ainda todas as acusações daqueles que dizem que a sua governação tem sido despesista. E qual é a melhor maneira de Jardim responder a essas acusações? Nada mais, nada menos do que gastar meio milhão de euros para patrocinar um estudo para mostrar que a Madeira “não é despesista”. É preciso notar que aos 552 mil euros que custou o estudo acresce ainda custos relativos ao destacamento de docentes e ainda recursos humanos e técnicos disponibilizados por outros organismos, nomeadamente o Arquivo Regional, que compilou e digitalizou grande parte da documentação que compõem as 13 mil páginas dos dez volumes do estudo.
O estudo é ainda mais caricato porque analisa o “deve e o haver” entre o que a Madeira dá e recebe do continente desde 1450 para concluir que o Estado investiu na ilha “apenas um quarto da receita arrecadada na Madeira". Quem está a ser alvo de um programa de resgate e quem terá omitido dívida para não ser penalizado no “deve e haver” de transferências com o continente deveria talvez centrar o estudo nos anos de governação mais recentes e não ter de recuar ao século XV para provar um statement.
Este estudo é sinal de um presidente que está a perder popularidade e que radicaliza o discurso para não perder apoio doméstico. E é um sintoma de que Jardim continua de candeias às avessas com o Governo. Aliás, a apresentação de propostas para alterar a Constituição por parte de deputados sociais-democratas da Madeira, que foram prontamente rejeitadas pela direcção do PSD nacional, é mais um sinal de isolamento.