"Rainha dos tablóides" absolvida no processo das escutas do News of the World

Andy Coulson, que, depois de deixar o tablóide, foi trabalhar como director de comunicação de David Cameron, foi condenado.

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Andy Coulson, que chegou a ser director de comunicação do primeiro-ministro David Cameron, poucas semanas depois de ter deixado o NoWfoi considerado culpado de conspiração para fazer escutas telefónicas para conseguir notícias exclusivas para o tablóide.

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Andy Coulson, que chegou a ser director de comunicação do primeiro-ministro David Cameron, poucas semanas depois de ter deixado o NoWfoi considerado culpado de conspiração para fazer escutas telefónicas para conseguir notícias exclusivas para o tablóide.

Brooks, que foi directora do NoW antes de Coulson, foi inocentada pelos 11 jurados do tribunal de Old Bailey. Estava acusada de conspiração para a realização de escutas telefónicas ilegais, conspiração para pagar a oficiais públicos para aceder a conversações por telefone e de obstrução à justiça. Esta última acusação foi avançada contra Brooks e o marido, Charlie Brooks, por terem alegadamente escondido da polícia documentos e computadores cruciais para a investigação do caso.

Além de Brooks e Coulson, outras pessoas foram julgadas. O editor do extinto NoW Stuart Kuttner foi considerado culpado de conspiração com vista a aceder a conversas telefónicas, enquanto a ex-assistente de Brooks, Cheryl Carter, e o ex-director de segurança da News International, Mark Hanna, foam absolvidos de obstrução à justiça. Ambos eram acusados de ter sonegado informação às autoridades.

Era em Rebekah Brooks, a "rainha dos tablóides", que todos os olhos estavam fixos no momento da leitura da sentença, esta terça-feira. Em tempos vista como a mulher mais poderosa da imprensa britânica, a mais jovem directora de um jornal britânico e a primeira mulher a chefiar o The Sun antes de Murdoch a levar para a direcção da casa-mãe no Reino Unido, respondeu, em tribunal, ao lado de Coulson, pelas escutas realizadas a políticos, celebridades ou membros da família real, incluindo a rainha Isabel II, os príncipes William e Harry e Kate Middleton, e a familiares de vítimas.

Telefones e telemóveis foram interceptados entre 2000 e 2006, gerando uma "fonte" que rendeu manchetes ao tablóide dominical e que só secou quando, em 2007, um artigo sobre a família real levantou suspeitas.

O jornalista e o detective que efectuou as escutas foram condenados, mas o jornal insistiu que se tratava de um caso isolado, até que uma investigação do jornal The Guardian revelou que aquela era uma prática habitual e instigada pela direcção do NoW – o fecho do jornal aconteceu depois da revelação de que tinha escutado mensagens deixadas no telemóvel de Milly Dowler, uma adolescente desaparecida em 2002 e que foi encontrada morta.

Primeiro-ministro diz que errou ao contratar Coulson
Pouco depois de anunciada a condenação de Andy Coulson, o primeiro-ministro britânico admitiu, numa declaração gravada e divulgada na trelevisão britânica, que "foi uma decisão errada" ter contratado Coulson, em 2007, como director de comunicação. "Lamento muito tê-lo contratado, foi uma decisão errada, e sou muito claro quanto a isso", afirmou Cameron.

"Dei a alguém uma segunda oportunidade e revelou-se ser uma má decisão", insistiu o chefe de Governo, sublinhando que sempre afirmou que, se se provasse que Coulson era culpado, iria fazer um "pedido de desculpas pleno e franco".

O escândalo das escutas provocou um intenso debate no Reino Unido sobre as práticas de alguns jornalistas e dirigentes da imprensa britânica, a mais poderosa da Europa, e trouxe à luz do dia as relações muitas vezes turvas entre os media, os políticos e a polícia. Perante a dimensão das revelações, o Governo britânico avançou com a criação de um órgão de regulação da imprensa que, no entanto, ainda não está a funcionar.