Henrique Jones: “Os índices de suspeição lesional foram superiores a anos anteriores”

As explicações do médico da selecção portuguesa para o elevado número de lesões. A sobrecarga competitiva, diz o clínico, é a principal razão.

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Coentrão lesionou-se durante o jogo com a Alemanha Reuters

“Os nossos índices de suspeição lesional foram superiores a anos anteriores. Quando falamos em índices lesionais, queremos dizer que metade ou dois terços dos jogadores tiveram uma época muito sobrecarregada de lesões”, observou Henrique Jones, garantindo, no entanto, que foram efectuados todos os exames para garantir a operacionalidade de todos os atletas e que os mesmos foram acompanhados regularmente quando estavam fora do ambiente da selecção.

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“Os nossos índices de suspeição lesional foram superiores a anos anteriores. Quando falamos em índices lesionais, queremos dizer que metade ou dois terços dos jogadores tiveram uma época muito sobrecarregada de lesões”, observou Henrique Jones, garantindo, no entanto, que foram efectuados todos os exames para garantir a operacionalidade de todos os atletas e que os mesmos foram acompanhados regularmente quando estavam fora do ambiente da selecção.

“Tínhamos exames que garantiam que estavam aptos para integrar a convocatória. Temos 12 atletas com lesões musculares durante a época e estivemos sempre em cima dos departamentos médicos dos clubes. Temos tido sempre a percepção da normalidade clínica dos atletas. O passado lesional e a idade podem levar a maior frequência de lesões”, explicou Henrique Jones, frisando que estavam nestas condições “um quinto dos 23 atletas. “Mas destes mais problemáticos, apenas um se lesionou”, acrescentou.

O médico da selecção fez questão de diferenciar lesões musculares de mialgias e referiu que apenas três têm lesões musculares. “O Coentrão, o Hugo Almeida e o Rui Patrício têm lesões musculares, o Pepe, o André Almeida, o Meireles e o Hélder Postiga têm mialgias. No caso do Hélder, não podíamos arriscar que, cinco minutos depois, sofresse uma lesão muscular. Ele fez todos os treinos e tinha todos os índices analíticos normais. Por melhor que seja a preparação, isto acontece por gesto desportivo”, observou.

Jones também falou com algum detalhe sobre a condição física de Cristiano Ronaldo, garantindo que o capitão da selecção portuguesa está melhor agora do que quando chegou à concentração: “Nunca treinou como está a treinar agora. Não treinava, só jogava. Estivemos a par do esquema médico de resguardo e gestão do treino do Ronaldo e sabíamos as condições que ele tinha. Posso dizer que, no dia em que Portugal jogou com o México, fizemos uma ressonância magnética que nos tranquilizou. As tendinopatias arrastam-se e têm fases assintomáticas. Até hoje ele tem estado assintomático, excepto um pequeno incómodo. Agora está bem melhor do que quando chegou.”

O médico da selecção refere que as condições meteorológicas que a selecção tem encontrado nos vários estádios onde já esteve não serão, necessariamente, uma das razões para a onda de lesões. “A climatologia não é de assustar ninguém. As condições climatológicas não são graves de modo a limitar a consistência de forma relevante, se houver um cuidado em termos de hidratação. Não é um problema da performance, mas um problema da recuperação do esforço, que terá de ser maior”, diz o médico da selecção, considerando que seria impossível fazer uma adaptação total a Salvador e Manaus: “Tínhamos tudo previsto, respeitando as condições, mas não as enfrentando como um papão. A sobrecarga competitiva é o principal factor no índice lesional.”