O que não separa Costa e Seguro
No Vimeiro e Ermesinde Costa tentou e não conseguiu alterar o calendário dos socialistas. É pena.
De quem é esta frase? “Espero que acabem as manobras estatutárias (…) e que de uma vez por todas nos concentremos no essencial.” E esta outra frase? "Que o PS não esteja barricado com questões estatutárias que ninguém percebe no país, em vez de se concentrar naquilo que é essencial que é fazer oposição ao Governo.”
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De quem é esta frase? “Espero que acabem as manobras estatutárias (…) e que de uma vez por todas nos concentremos no essencial.” E esta outra frase? "Que o PS não esteja barricado com questões estatutárias que ninguém percebe no país, em vez de se concentrar naquilo que é essencial que é fazer oposição ao Governo.”
A primeira frase é de António José Seguro e a segunda é de António Costa. E foram ambas ditas este domingo na reunião da comissão nacional do PS. Se baralhássemos as duas frases, já não saberíamos quem disse o quê. Porque ambos dizem a mesma coisa.
O que separa António José Seguro e António Costa não é programático e não é ideológico. O que defende Seguro pode ser tirado a papel químico do que defende Costa, e vice-versa.
António Costa tentou, primeiro no Vimeiro e ontem em Ermesinde, e não conseguiu alterar o calendário dos socialistas. E Costa pelos vistos já se terá conformado que não terá um congresso e directas antecipadas. Então, ensaiando uma jogada de antecipação, veio agora propor uma comissão organizadora para as primárias, colocando dois socialistas de peso – Jorge Coelho e António Vitorino – a controlar o processo eleitoral.
Na semana passada, num comentário televisivo, Vitorino dizia, e com bastante razão, que a principal vantagem desta guerra de liderança no PS era não haver diferenças programáticas. E que a principal desvantagem era não haver diferenças programáticas.
Quatro meses para discutir duas personalidades e não dois programas ou visões diferentes para o país é muito tempo. E Costa e Seguro até coincidem na necessidade de o PS se concentrar naquilo que é essencial. E o essencial é que o país não pode, ou melhor pode, mas não deve, estar quatro meses com o maior partido da oposição em modo de gestão corrente.