Maioria dos britânicos apoia saída da União Europeia
Isolado, Cameron quer submeter escolha de Juncker a uma inédita votação durante a cimeira europeia.
Não é a primeira sondagem a prever que, no caso de se realizar um referendo à permanência do país na UE, o “não” sairia vencedor, mas a vantagem apresentada pelo estudo do centro de sondagens Opinium é significativa: 48% dos inquiridos defendem a saída, contra apenas 37% favoráveis a manter a ligação iniciada em 1973. Os restantes 15% não respondem ou dizem estar indecisos. Dados que coincidem com os resultados das eleições europeias, ganhas no Reino Unido pelo partido antieuropeu UKIP, que conseguiu ir buscar votos aos três grandes partidos, remetendo os conservadores de Cameron para o terceiro lugar.
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Não é a primeira sondagem a prever que, no caso de se realizar um referendo à permanência do país na UE, o “não” sairia vencedor, mas a vantagem apresentada pelo estudo do centro de sondagens Opinium é significativa: 48% dos inquiridos defendem a saída, contra apenas 37% favoráveis a manter a ligação iniciada em 1973. Os restantes 15% não respondem ou dizem estar indecisos. Dados que coincidem com os resultados das eleições europeias, ganhas no Reino Unido pelo partido antieuropeu UKIP, que conseguiu ir buscar votos aos três grandes partidos, remetendo os conservadores de Cameron para o terceiro lugar.
Mas a sondagem mostra que os britânicos estão dispostos a dar espaço de manobra ao primeiro-ministro, que pretende renegociar os termos da participação do Reino Unido na UE, repatriando alguns poderes transferidos para Bruxelas. Uma negociação que quer ter concluída a tempo do referendo à UE que prometeu organizar até 2017, caso seja reeleito nas legislativas do próximo ano.
A sondagem indica que 42% dos inquiridos apoiariam a permanência na UE caso o Governo conseguisse uma renegociação favorável ao país, contra 36% que votariam “não”. No entanto, apenas 18% acredita que, nas actuais circunstâncias, Cameron conseguirá obter dos parceiros europeus as mudanças que consideram necessárias.
Um cepticismo a que não serão alheias as notícias sobre a frustrada ofensiva do primeiro-ministro para travar a escolha de Juncker, o candidato do Partido Popular Europeu, vencedor das europeias, como sucessor de Durão Barroso. Cameron, que vê no antigo primeiro-ministro do Luxemburgo um federalista e opositor das mudanças que deseja, insiste que a escolha cabe aos chefes de Estado e de Governo, mesmo que o Tratado de Lisboa tenha determinado que o Parlamento Europeu tem o poder de aceitar ou rejeitar o novo presidente.
Mas as tentativas para angariar aliados saíram frustradas depois de a chanceler alemã, Angela Merkel, ter reafirmado o seu apoio a Juncker, sob pressão do seu partido e irritada com o ultimato de Cameron, que disse que a escolha do luxemburguês iria aproximar o Reino Unido da porta de saída da UE. Sábado, nove dirigentes socialistas e sociais-democratas europeus, entre eles o Presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, confirmaram também o seu apoio a Juncker.
Cameron, no entanto, planeia uma derradeira batalha. Segundo a imprensa britânica, exigirá uma votação ao nome de Juncker na cimeira europeia da próxima quinta e sexta-feira em Bruxelas. A escolha do presidente da Comissão foi sempre feita por consenso, e nunca através de votação, mas o primeiro-ministro britânico quer que cada um dos seus parceiros europeus explique por que apoia o candidato do PPE, recusando discutir alternativas. Segundo o jornal Guardian, o líder conservador vai lembrar que, em 2004, o Reino Unido retirou a candidatura do ex-comissário europeu Chris Patten por causa da oposição de França e quer saber por que é negado agora a Londres o mesmo direito.
A AFP adianta que o Governo britânico tentará adiar uma decisão definitiva, mas deverá contar tanto com a oposição da Alemanha, que quer resolver a questão o quanto antes, e de Itália, que inicia a presidência da EU em Julho e não quer herdar o espinhoso dossier. “As nossas hipóteses de barrar Juncker são as mesmas de ver Inglaterra vencer o Mundial de futebol”, admitiu ao Sunday Times um assessor de Cameron, referindo-se à eliminação antecipada da selecção da competição a decorrer no Brasil.